World Heart Federation diz que nenhuma quantidade de álcool é boa para o coração
28/01/2022, 13:41 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Dados do Vigitel 2020 também indicam que aumentou a frequência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas
A World Heart Federation (WHF) está pedindo uma ação urgente e decisiva da sociedade para combater o aumento das mortes e incapacidades relacionadas ao álcool em todo o mundo. Segundo dados divulgados no último dia 20 de janeiro pela organização, em 2019, mais de 2,4 milhões de pessoas morreram devido ao uso de álcool, representando 4,3% de todas as mortes no mundo e 12,6% das mortes em homens de 15 a 49 anos.
Segundo a WHF, qualquer nível de consumo de álcool pode levar à perda de uma vida saudável. Estudos mostraram que mesmo pequenas quantidades de álcool podem aumentar o risco de doença cardiovascular de uma pessoa, incluindo doença coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, doença cardíaca hipertensiva, cardiomiopatia, fibrilação atrial e aneurisma.
“A WHF destacou que pesquisas que afirmam o contrário são amplamente baseadas em pesquisas puramente observacionais, que não consideram outros fatores, como condições pré-existentes e histórico de alcoolismo naqueles considerados ‘abstinentes’. Até o momento, nenhuma correlação confiável foi encontrada entre o consumo moderado de álcool e um menor risco de doença cardíaca”, explica o presidente do Conselho Administrativo da SBC, João Fernando Ferreira.
A WHF ressaltou que os custos econômicos e sociais do álcool também são significativos: incluem o custo para os sistemas de saúde, gastos diretos e perdas de produtividade, bem como o aumento do risco de violência, falta de moradia e atividade criminosa. O álcool tem um impacto maior em pessoas de origens socioeconômicas baixas, mais propensas a experimentar seus efeitos adversos em comparação com pessoas de origens socioeconômicas mais altas, mesmo quando consomem quantidades semelhantes ou menores.
Analisando o cenário brasileiro encontram-se os números do Vigitel 2020 - Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, principal pesquisa no país que mede os fatores de risco e de proteção para doenças crônicas não transmissíveis.
A publicação do Ministério da Saúde indicou que a frequência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas (ingestão de quatro ou mais doses para mulheres, ou cinco, ou mais doses para homens, em uma mesma ocasião em relação aos últimos 30 dias anteriores à data da pesquisa) variou entre 12,7%, em Manaus, e 27,2% em Salvador. As maiores frequências, entre homens, foram observadas em Palmas (34,7%), Salvador (34%) e Florianópolis (33,5%); e as menores ocorreram em Manaus (17,6%), Maceió (20,6%) e Porto Velho (21,3%). Entre mulheres, as maiores frequências foram encontradas em Salvador (21,6%), Florianópolis (20,5%) e no Rio de Janeiro (20,4%); e as menores frequências ocorreram em Manaus (8,2%), Belém (9,1%) e Macapá (9,5%).
O álcool tem efeitos tóxicos, diretos e indiretos, sobre o coração. Indiretos, pois pode trazer alterações lipídicas na composição dos lipídios sanguíneos, com aumento principalmente dos triglicérides, o que, a longo prazo, pode levar a uma alteração pró heterogênica, culminando com a degeneração dos vasos. Em doses elevadas também pode causar arritmias e dano cardíaco. Ele também acaba sendo um fator de risco adicional nos indivíduos que são diabéticos, podendo, inclusive, alterar os valores glicêmicos.