Sociedade Brasileira de Cardiologia apresenta nova plataforma de dados
29/07/2020, 09:17 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Estatística Cardiovascular Brasil: 2020 traz informações
sobre as doenças cardiovasculares e seus impactos
A Associação Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou no último sábado, dia 25, a Estatística Cardiovascular Brasil: 2020, uma plataforma on-line com milhares de dados sobre as doenças cardiovasculares e o seu impacto no país. A base que reúne informações, números e pesquisas sobre o tema entre 1990 e 2017 foi apresentada em um webinar que contou com palestrantes nacionais e internacionais.
“Estão presentes aqui pesquisadores do Acre ao Rio Grande do Sul, o que mostra a integralidade da Sociedade Brasileira de Cardiologia e desse tipo de iniciativa”, explica o presidente da SBC, Marcelo Queiroga.
Moderada pelo presidente da Sociedade Internacional de Eletrocardiologia, Antonio Luiz Pinho Ribeiro, um dos idealizadores do projeto, a live iniciada às 10h, apresentou a origem e oficialidade dos dados agregados à plataforma – que consideram o SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade) do Sistema Único de Saúde (SUS) e a revisão sistemática de elementos locais que constam na última versão da Global Burden of Disease (GBD), de julho de 2019.
“A ideia é criar e revisar anualmente os dados de estatística e epidemiologia das doenças cardiovasculares em nosso país. Nós tínhamos muita clareza que precisávamos levar esse tipo de estudo para a área das doenças cardíacas, para que sejam tomadas decisões tanto do ponto de vista individual quanto no nível de políticas públicas. Precisamos de melhores dados”, explica ele, que é professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lembrando que a ideia do estudo surgiu em 2018 na SBC.
Voltado a cardiologistas, profissionais de saúde, cientistas, epidemiologistas, tomadores de decisão em saúde e para mídia – alguns dos públicos especificados pelo médico –, Ribeiro destaca que a Estatística é “relevante para a sociedade, para os indivíduos, para que as pessoas tenham ideia do que mata em diferentes regiões do Brasil”, completa.
De acordo com a coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Cardiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gláucia M. Moraes de Oliveira, uma das idealizadoras do trabalho realizado por uma ampla rede de pesquisadores, o portal permite a extração dos dados em diferentes recortes, apresentando-os em estatísticas e gráficos que podem considerar a doença selecionada, classificando sua incidência por faixa etária, região e gênero. “Um dos nossos desafios para os próximos anos é fazer as correções”, diz ela, que apresentou a metodologia e os detalhes do portal durante o webinar.
A apresentação on-line teve ainda breves explanações de estudos já realizados, tendo como fonte a base de dados. Entre os tópicos pesquisados estão Doença Cardiovascular Total, Acidente Vascular Cerebral (Doenças Cerebrovasculares), Cardiomiopatia e Insuficiência Cardíaca, Doença Valvular do Coração e Fibrilação e Flutter Atrial. Além disso, o webinar contou com a participação de dois pesquisadores internacionais, também incentivadores e colaboradores da pesquisa da SBC: o presidente eleito da World Heart Federation e diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Fausto J. Pinto, que palestrou sobre “Doenças cardiovasculares em tempo de pandemia: um caso de doença negligenciada?”, e a professora de Epidemiologia da Boston University School of Public Health, Emelia Benjamin, que abordou o tema “Epidemiologia da fibrilação arterial”.
Marcelo Queiroga conclui afirmando que as doenças cardiovasculares são líderes de mortalidade no Brasil. Segundo ele, aproximadamente 14 milhões de brasileiros têm alguma doença de coração e mais de 380 mil pessoas morrem por ano em decorrência dessas enfermidades. “São cerca de mil mortos por dia, (semelhante aos números da Covid-19 no Brasil no pico de sua letalidade). Então, é um assunto de absoluta relevância que precisa ser encarado pelas autoridades públicas como prioritário.”