Sintomas cardiopulmonares e exames de imagem em pacientes pós-COVID são tema de novo estudo
30/05/2023, 10:04 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
Compartilhar
Grupo de cardiologistas se une para analisar sintomas cardiopulmonares,
seus preditores e imagens relacionadas em pacientes com
COVID-19 após alta hospitalar
Quais são os sintomas cardiopulmonares, seus preditores e como os exames de imagem ajudam a identificá-los em pacientes que foram afetados pela COVID-19? A partir dessas perguntas surge o estudo Sintomas Cardiopulmonares Pós-COVID-19: Preditores e Características de Imagem de Pacientes após a Alta Hospitalar, publicado na última edição da ABC Cardiol, periódico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Grande parte das investigações aborda sintomas persistentes após a fase aguda da doença, porém, sem incluir fatores como idade e condições pré-existentes. Além disso, estudos anteriores não enfatizam sintomas cardiopulmonares ou relaciona-os com exames de imagem.
“Estávamos interessados em explorar quais eram os fatores que potencialmente contribuem para manter os sintomas pós-COVID, a chamada COVID longa, em pacientes que necessitaram de internação hospitalar”, diz Roberto Kalil Filho, um dos autores do artigo.
Foram analisados dados de 480 pacientes que sobreviveram à COVID-19. Eles foram avaliados, de forma padronizada, 90 dias após a alta hospitalar. O médico Luciano Ferreira Drager, também autor do artigo, explica: “em relação aos sintomas, focamos nos chamados sintomas cardiorrespiratórios, falta de ar, cansaço, fadiga, tosse e desconforto torácico, uma vez que o vírus pode ter uma importante ação nos pulmões e no coração”.
Os casos analisados foram consecutivos, sem seleção baseada em algum critério específico. Todos os dados dos pacientes foram colhidos de forma sigilosa, independente de idade, gênero e doenças prévias.
“A equipe de desfechos clínicos do Hospital, que não teve acesso aos dados da evolução durante a internação, elaborou um questionário estruturado avaliando sintomas e estado clínicos”, diz Kalil
“Este desconhecimento dos dados detalhados da internação é uma forma de ‘cegamento’ que permite que a avaliação dos sintomas 90 dias após a alta hospitalar não tenha tido qualquer influência”, complementa Drager.
Nos resultados, alguns dados chamam a atenção: o estudo mostra que os grupos mais suscetíveis a apresentarem sintomas cardiopulmonares no pós-COVID são pessoas que desenvolveram trombose venosa durante a internação, pacientes com elevação de enzimas do coração e a presença de depressão e mulheres.
É importante ressaltar que a análise considerou os sintomas descritos no estudo (como falta de ar e tosse, por exemplo) que se mantiveram 90 dias após a internação por COVID-19. Ela não considera outros sintomas que vêm sendo descritos em pacientes que também foram infectados pelo vírus.
Existem múltiplas causas para a ocorrência da chamada COVID longa. Os autores destacam que identificar esses fatores pode ajudar em estratégias que busquem minimizar estes sintomas: “Isto não deve ser ignorado: muitos pacientes perdem muita qualidade de vida, diminuem a performance no trabalho e nas atividades sociais”, afirmam.