SBC lança pós-graduação em Cardio-oncologia
26/02/2021, 11:06 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Especialização será ofertada em parceria com o Instituto Nacional de Cardiologia e com o Instituto Nacional do Câncer com o objetivo de formar profissionais para um futuro que terá, cada vez mais, pacientes com neoplasias e doenças cardiovasculares
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com o apoio fundamental do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e do Instituto Nacional do Câncer (INCA), lança no próximo dia 2 de março, às 19h, em seu canal do Youtube, a Pós-Graduação Lato Sensu em Cardio-oncologia, que representa a integração das expertises dessas importantes especialidades médicas para aprimorar a assistência de pacientes oncológicos, que podem apresentar complicações cardiovasculares decorrentes das terapias do câncer.
Nas últimas décadas, houve um grande progresso no tratamento das neoplasias, em parte consequente do diagnóstico precoce, quando a doença está mais suscetível à cura e em parte devido ao desenvolvimento de esquemas terapêuticos mais eficazes. Isto, ao longo do tempo, pode ser reconhecido nas estatísticas globais de sobrevida de pacientes oncológicos em todo o mundo.
O aprimoramento das opções de tratamento oncológico tem resultado em aumento significativo da sobrevida desses enfermos, criando uma verdadeira mudança no paradigma terapêutico do paciente com neoplasia, que passa a ser, cada vez mais, compreendido como portador de uma doença de evolução crônica e, portanto, suscetível a várias complicações clínicas durante o seu acompanhamento de longo prazo.
As consequências da cardiotoxicidade decorrente do tratamento oncológico também ficaram mais evidentes. Com o aumento da sobrevida do paciente, além do envelhecimento da população e do desenvolvimento de novos agentes quimioterápicos, podem surgir efeitos colaterais cardiotóxicos inesperados.
“No início deste século, foram instituídas as áreas de atuação em cardiologia. Temos os especialistas que atuam em áreas específicas como a minha: hemodinâmica e cardiologia intervencionista. A cada dia são criadas novas áreas de interesse, como a cardio-oncologia. A transição demográfica tem propiciado o aumento de doenças cardiovasculares e de câncer. Sabemos que há uma nítida relação entre fatores de risco para as cardiopatias e para neoplasias e sabemos que o tratamento do câncer também pode afetar o sistema cardiovascular. A SBC, com o protagonismo que lhe é peculiar, já em 2017, editou a primeira Diretriz Brasileira de Cardio-oncologia, que serve para normatizar e estabelecer determinados conceitos em uma área inovadora”, destaca o presidente da SBC, Marcelo Queiroga.
Em 2020, essa diretriz foi atualizada com o intuito de contribuir com todos os cardiologistas, mas, sobretudo, com o poder público. O Brasil possui uma política pública voltada para a cardiologia que atende desde a atenção primária até a alta complexidade e o mesmo se dá em relação à oncologia. Existem hospitais oncológicos públicos de excelência e que são muito importantes na prevenção, diagnóstico e tratamento dessas enfermidades.
Também no ano passado, com os esforços da SBC, foi aprovado o Ano Adicional em Cardio-oncologia na Residência Médica. Segundo Queiroga, é necessário criar as bases para mostrar de maneira clara como formar esses profissionais. E é nesse contexto, que a entidade estreitou parceria com o INC e o INCA, para juntos oferecerem a especialização em Cardio-oncologia.
“É uma nova oportunidade para que os cardiologistas brasileiros, inclusive aqueles que integram o Grupo de Estudos em Cardio-oncologia da SBC, que são mais de 500, possam se qualificar para atender melhor indivíduos que acometidos por uma neoplasia precisam de cuidados cardiológicos, sobretudo para prevenir a cardiotoxicidade, ou aqueles que são cardiopatas e que têm câncer e precisam realizar tratamento especializado, de tal maneira que consigamos interferir de maneira efetiva na história natural desses brasileiros que tanto precisam de nós”, fala o presidente da SBC.
O desenvolvimento de estudos em cardio-oncologia tem sido intenso e um núcleo específico de conhecimento já é bem estabelecido, requerendo a formação de especialistas. A relevância epidemiológica das doenças cardiovasculares e oncológicas, responsáveis por milhares de óbitos todos os anos e que ocupam o primeiro e segundo lugares na taxa de mortalidade no Brasil e no mundo, impõe um olhar diferenciado sobre a capacitação de recursos humanos.
Durante a assinatura do contrato de colaboração entre SBC e INC, o diretor do Instituto, João Manoel de Almeida Pedroso, revelou ser um momento fundamental. De acordo com ele, a prevalência de câncer está aumentando e em alguns países será a principal causa de morte muito em breve.
“A expectativa de vida da população aumenta e essa relação doença cardiovascular e câncer cresce tremendamente e com muita complexidade, seja de diagnóstico das cardiopatias como das terapias para tratamento do câncer. Isso fez com que percebêssemos a necessidade de ampliar a formação de cardiologistas para lidarem com esse novo problema. Vamos, junto com a SBC, fortalecer o treinamento, a produção científica e a melhoria da qualidade assistencial a toda a população brasileira. Esse curso trará um grande benefício não só aos cardiologistas, mas principalmente à população”, garante Pedroso.
O presidente da SBC reforça o caráter público dessa iniciativa, a ser ofertada junto a uma instituição pública e renomada como o INC. A pós-graduação Lato Sensu em Cardio-oncologia não tem um objetivo mercantil. O propósito é a formação de profissionais de saúde por um corpo docente qualificado, liderado pelo professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e integrante da Comissão Científica da SBC, Wolney de Andrade Martins.
“É uma honra poder colaborar com esse projeto, que eu considero ser apenas um marco inicial de uma longa trajetória. A cardio-oncologia nasceu por determinismo epidemiológico: o aumento da sobrevida dos pacientes com câncer, a longevidade da população, fatores de riscos comuns fazem com que essa interação seja inexorável e nós temos que, cada vez mais, entender disso”, fala Martins.
A estrutura curricular da especialização foi desenvolvida sob essa ótica. Como se trata de um tema ainda novo, inclusive para aqueles que já pesquisam acerca, se têm poucas publicações e evidências. A pós-graduação terá uma parte inicial instrumental, outra de formação e uma outra de integração para se aplicar o conhecimento adquirido no cotidiano.
“A nossa perspectiva é levarmos para o médico que irá atender o paciente com câncer e cardiopatia que existem características e fatores de risco. De maneira mais didática possível; não superficial; a distância – porque o Brasil é continental; modular, para que eu possa me organizar; e um curso que não possa reprovar, que dá a opção de se resgatar a todo momento aquele conhecimento científico. É um projeto que está em aberto para que todos os colegas que se interessem pela área venham se agregar, colaborar e participar. É um projeto de formação coletiva, com o apoio do INC e do INCA”, ressalta Martins.
A SBC tem trazido a cardio-oncologia para o debate realizando eventos, como o 1º Simpósio Virtual Internacional de Cardio-oncologia, em setembro de 2020, em parceria com o American College of Cardiology (ACC); promovendo campanhas de conscientização ao público; lançando a nova Diretriz Brasileira de Cardio-oncologia, em dezembro de 2020; e aprovando, junto à Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), do Ministério da Educação (MEC), a criação do Ano Adicional ao Programa de Residência Médica em Cardiologia na área de Cardio-oncologia.⠀
Todas essas ações fazem parte de um esforço da entidade em construir um novo cenário que capacite os cardiologistas para que atendam com qualidade as demandas dos brasileiros.
LANÇAMENTO
No próximo dia 2 de março, às 19h, no canal do Youtube da SBC, ocorre o Lançamento da Pós-Graduação Lato Sensu em Cardio-oncologia, que será ofertada em parceria com o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), com o objetivo de formar profissionais para um futuro que terá, cada vez mais, pacientes com câncer em consonância com doenças cardiovasculares.
Ative as notificações do canal e programe-se para acompanhar a transmissão que trará as informações completas sobre o curso, bem como início das inscrições.