SBC inaugura mural que homenageia 100 anos da cardiologia no Brasil
26/11/2020, 10:21 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Descerramento da obra “No Coração dos Trópicos” ocorreu no dia 20 de novembro e é um dos destaques do Espaço Carlos Chagas, localizado na sede da entidade, no Rio de Janeiro
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) inaugurou no dia 20 de novembro, no espaço Carlos Chagas, em sua sede no Rio de Janeiro, um mural que retrata mais de um século da prática e do desenvolvimento da cardiologia no Brasil. A pintura “No Coração dos Trópicos” é um conjunto de três painéis de acrílico sobre tela justapostos, de 6,3 m de largura por 1,8 m de altura, do artista plástico paraibano Flávio Tavares de Melo, que conta o esforço de homens e mulheres que fundaram e construíram uma das mais respeitadas cardiologias do mundo.
A SBC tem entre seus objetivos a preservação da memória da cardiologia brasileira, defendendo os valores históricos da especialidade. Carlos Chagas sintetiza o espírito da medicina brasileira, voltada à atenção primária, com foco na inovação. O Espaço Carlos Chagas, criado pela Sociedade, tem como ponto alto o mural “No Coração dos Trópicos”, que reflete as influências da cardiologia nacional e a ambiência que também propiciou sua consolidação entre as mais importantes do mundo.
Flávio Tavares criou um conjunto de ambientes que se alternam entre a paisagem amazônica, o pavilhão mourisco da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), rios, o sertão, casas de taipa, que recebiam visitas de médicos e pesquisadores em busca de pacientes e de material para a cura a partir das mais diversas terapias, além do edifício do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Retratados na pintura, destacam-se nomes como Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Miguel Couto, Dante Pazzanese, Luiz Décourt, Magalhães Gomes, Adib Jatene, Euryclides Zerbini e outros tantos, que muito contribuíram para a evolução da medicina no Brasil.
Para o descerramento da obra, foram convidados o presidente da SBC, Marcelo Queiroga; a diretora de Departamentos Especializados da entidade, Andréa Brandão; a cardiologista do Hospital da Luz de Lisboa, Anabela Raimundo; e o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e presidente-eleito da World Heart Federation, Fausto Pinto.
“Para mim é uma grande honra viver esse momento. Enfrentamos uma emergência na saúde pública mundial e nunca a preocupação do mundo entendeu tanto da importância dos médicos e dos profissionais de saúde. Nós, cardiologistas, já nos confrontamos em nosso dia-a-dia com uma avalanche de óbitos, que representam mais de 18 milhões todos os anos, só no Brasil são mais de 380 mil mortes por doenças do coração. É um desafio para todos nós reverter essas estatísticas”, destacou Queiroga.
(Dr. José Ramires durante a inauguração do Espaço Carlos Chagas)
A SBC, desde 1943, em sua primeira diretoria, vem trabalhando fortemente para reverter esse quadro por meio da difusão do conhecimento cientifico qualificado e da integração nacional, fazendo com que os cardiologistas da Sociedade sejam igualmente reconhecidos em qualquer região do país.
Participando da solenidade de maneira remota, a magnífica reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Denise Pires de Carvalho, elogiou a beleza do painel e ressaltou que a obra está totalmente conectada com o caminho trilhado pelos pioneiros da medicina brasileira. Ela também falou sobre integração das instituições de ensino e pesquisa para a evolução da medicina.
“Esse é o século da integração entre as diferentes áreas da pesquisa e das atividades de assistência. Vamos seguir unidos produzindo conhecimento para o avanço da medicina, do nível curricular até o atendimento dos nossos pacientes, para que haja um tratamento mais personalizado através da medicina personalizada, como é a chamada medicina de precisão. Nós devemos buscar nos próximos anos essa medicina. Os nossos desafios são enormes e sociedades médicas no mundo todo sabem que não é fácil, por exemplo, enfrentar uma pandemia pelo coronavírus, assim como não foi fácil para Carlos Chagas entender a malária e o ciclo da chamada Doença de Chagas, a tripanossomíase americana. Não foi fácil, mas ele conseguiu”, afirmou Denise.
Em nome dos representados no mural, o diretor do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Fabio Biscegli Jatene, disse que a iniciativa honra a cardiologia brasileira e que o artista plástico foi muito feliz ao retratar as referências no painel. “Entendo que a SBC representa uma quantidade enorme de cardiologistas competentíssimos. Tive a oportunidade de conviver com alguns dos que estão aqui representados. Estou muito satisfeito e honrado de estar aqui hoje”.
“No Coração dos Trópicos” integra o projeto “Memória da Cardiologia Brasileira”, que teve início em agosto, com a inauguração do painel que mostra a cronologia dos marcos científicos da especialidade no país, também na sede da SBC no Rio de Janeiro.