SBC comemora 78 anos com protagonismo
13/08/2021, 15:27 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Em consonância com evolução da medicina, da especialidade e frente às necessidades, atuação se pauta no compromisso, responsabilidade e desafios com o futuro
Na noite de 14 de Agosto de 1943 o jovem médico, Dante Pazzanese, conseguiu reunir em São Paulo um grupo, imenso para a época, de 112 médicos, representando oito Estados brasileiros, para o primeiro curso de Cardiologia no Hospital Municipal de São Paulo. Ali, naquele local, também ocorreria a fundação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Foi uma reunião sem pauta científica, apenas de fundação da Sociedade, eleição da primeira diretoria e aprovação dos estatutos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, conforme relatou Rubens Maciel, no livro comemorativo dos 70 anos da SBC, testemunha viva dos acontecimentos.
Entre os 112 sócios fundadores estavam vários nomes expressivos da medicina brasileira: além de Dante Pazzanese, seu irmão, Olavo Pazzanese, Jairo Ramos, Luiz Décourt, Reinaldo Chiaverini, Adriano Pondé, Leovegildo Mendonça de Barros, Quintiliano Mesquita, Eurico Bastos, Horácio Kneese de Mello, Matos Pimenta, Vieira Romeiro,Bernardino Tranchesi, Waldemar Decache, Luiz Feijó, Rubens Maciel, Francisco Laranja, Edgard Magalhães Gomes, Celestino Bourroul, entre outros.
A SBC foi a quinta sociedade criada no continente americano, precedida apenas pela American Heart Association (1924), Sociedade Mexicana de Cardiologia (1935), Sociedade Argentina de Cardiologia (1937) e Sociedade Cubana de Cardiologia (1937), e sua história confunde-se com a trajetória da própria Cardiologia brasileira. Seus fundadores criaram serviços próprios, promoveram cursos na graduação e pós-graduação, criaram residências, fundaram institutos e estimularam pesquisas. A especialidade cresceu rapidamente no Brasil, como no resto do mundo.
Ao mesmo tempo em que as doenças não transmissíveis, especialmente aterosclerose, hipertensão arterial e diabetes sobrepujaram as doenças infecciosas como principal causa de mortes e morbidades aqui e no mundo todo, acarretando enormes perdas humanas e gastos astronômicos, enormes proporções e simultaneamente extraordinários avanços científicos ocorreram, e esses avanços técnicos criaram poderosos instrumentos diagnósticos, tais como os métodos de imagem, bem como novas formas de tratamento. Ao longo dessas décadas a Sociedade Brasileira de Cardiologia cresceu exponencialmente, não apenas acompanhando, mas indicando e iluminando os caminhos da especialidade.
Foi entre 1995 e 1997 que se iniciou o processo de profissionalização da entidade, considerado pioneiro dentre as sociedades de especialidades. Vários Departamentos e Sociedades foram criados a partir de Grupos de Estudos, onde começam a se reunir cardiologistas que se especializam na mesma área de interesse da Cardiologia.
A decisão de criar Departamentos Especializados foi adotada em julho de 1996. Eles são as células da base científica e estrutural da entidade, formados por cardiologistas com áreas específicas de interesse nas várias modalidades de abrangência da Cardiologia moderna. A maior parte dos projetos institucionais que têm grande visibilidade é gestada nos Departamentos e fluem para a comunidade através deles, constituindo projetos conjuntos de alto impacto social. Os Grupos de Estudo, por sua vez, têm origem e estão ligados aos Departamentos e visam aprofundar conhecimentos ou desenvolver pesquisas em ramos específicos do conhecimento na área do Departamento.
A ampliação do número de Departamentos, o crescimento vertiginoso dos congressos anuais, as atividades científicas crescentes das Sociedades Estaduais e Regionais, o aumento da sua estrutura administrativa, a oferta crescente de novos serviços aos associados, a implantação e o desenvolvimento de novos projetos, a exemplo das Diretrizes, tornaram, dia a dia, a SBC a forte instituição que completa hoje 78 anos.
Diversos são os marcos históricos nesta história. Desde a primeira reunião científica em 12 de fevereiro de 1.944, até as reuniões realizadas sob o nome oficial de Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia a Sociedade Brasileira de Cardiologia cresce, não apenas acompanhando, mas indicando e iluminando os caminhos da especialidade. Desde o início de sua história, a SBC lança e conduz programas de alta relevância, como os registros de entidades clínicas e procedimentos, as diretrizes, a concessão de título de especialista a novos cardiologistas, a concessão de bolsas de pesquisa, a publicação mensal dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, além da atuação na defesa profissional, em vários níveis para assegurar boas condições de exercício da cardiologia.
O NOVO MOMENTO TRAZIDO PELA PANDEMIA
Como não poderia deixar de ser, no último ano e meio assistimos com grande preocupação o impacto da pandemia da COVID-19 que já vitimou milhares de brasileiros. Diante dessa emergência em saúde pública mundial, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, com lastro na sua experiência de quase oito décadas, assumiu uma postura de protagonista junto à comunidade brasileira. A partir da confirmação do primeiro brasileiro infectado em território nacional, a SBC atuou tanto junto aos profissionais de saúde, amparando-os com conhecimento científico, quanto junto à população em geral ao divulgar informações respaldadas cientificamente em linguagem acessível para compreensão geral.
Assim como em todo o mundo, a entidade precisou se adequar ao momento de isolamento e realizou em 2020 seu primeiro congresso digital, ratificando o seu protagonismo, demonstrando conseguir enfrentar o desafio imposto pelas condições sanitárias vigentes. Em meio ao cenário global de emergência em saúde pública, seguimos realizando o sonho, iniciado por Dante Pazzanese e pelos demais fundadores da SBC, de levar educação médica continuada de qualidade em cardiologia a médicos de todo o país e, assim, cumprir o objetivo da entidade, de contribuir com a qualificação dos cardiologistas para o enfrentamento das doenças cardiovasculares.
A difusão do conhecimento científico é um compromisso perene. Para tanto, a SBC estabelece uma sólida agenda de ações, que inclui desde a realização regular de webmeetings, pela qual mais de 60 mil médicos já assistiram atividades científicas, até a edição de diretrizes sobre os diversos temas.
Com o Programa de Telecardiologia, sua plataforma virtual de telemedicina, a SBC tem buscado encurtar a distância entre o médico e seu paciente, democratizar o acesso à saúde e auxiliar os portadores de comorbidades associadas às doenças cardiovasculares.
“A SBC reafirma diariamente seu propósito de levar informação relevante e qualificada e se comunicar com seus associados e com a sociedade civil para juntos aperfeiçoarmos as estratégias de prevenção, atendimento e tratamento das doenças cardiovasculares. Visamos uma atuação nacional na prevenção e redução da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as cardiovasculares. Seguiremos dando continuidade a essa história longeva e, ao mesmo tempo, dinâmica e moderna e que nos fez, até agora, a maior sociedade de cardiologia latino-americana e a terceira maior sociedade do mundo”, fala o presidente da entidade, Celso Amodeo.