Reduzir os óbitos por doenças cardiovasculares é o maior desafio da cardiologia
Reduzir os óbitos por doenças cardiovasculares é o maior desafio da cardiologia

14/08/2020, 09:50 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

Compartilhar

Presidente da SBC aponta que envelhecimento populacional fará aumentar os casos dessas enfermidades

Dia 14 de agosto é o Dia do Cardiologista e, para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, o maior desafio da cardiologia é reduzir os óbitos por doenças cardíacas. “Meio bilhão de pessoas no mundo e 14 milhões no Brasil são acometidas por doenças cardiovasculares. O problema é grave porque essas doenças, principalmente o infarto, são responsáveis por mais de 30% das mortes no país. São mais de 380 mil óbitos todos os anos no Brasil. É um problema de saúde pública agora agravado pela pandemia da covid-19”, destaca Queiroga.

Fazendo uma análise das principais doenças que acometeram a humanidade desde o início do século passado até os dias atuais, Queiroga falou que a doença arterial coronariana é hoje a campeã em mortalidade. Ele revela que, no século 21, a transição demográfica vem se demonstrando também um desafio. “A população está envelhecendo e, com isso, aumentando a incidência das doenças cardiovasculares e de outras enfermidades, como as doenças degenerativas das válvulas cardíacas”, explica.

Queiroga também aponta a necessidade de mais atenção com a saúde cardiovascular das mulheres, que estão adoecendo mais. Segundo o cardiologista, vem aumentando as mortes por doenças isquêmicas, como o infarto do miocárdio, nas mulheres, mesmo nas mais jovens. “Devemos implementar medidas de prevenção primária e conscientizar a população sobre os sinais e sintomas dessas doenças nas mulheres, que nem sempre se apresentam da forma clássica divulgada, especialmente nas mulheres mais velhas, que são portadoras de diversas doenças, como diabetes, hipertensão e obesidade, que podem mascarar os sintomas do infarto.”

O presidente da SBC diz que é importante ressaltar que a maioria dos ensaios clínicos realizados para o tratamento das doenças cardiovasculares foram realizados com pouca representatividade feminina. Assim, é preciso estimular estudos que sejam feitos para e por mulheres, para aumentar a participação delas nas pesquisas clínicas a fim de que se consiga enfrentar as doenças cardiovasculares nelas com mais eficiência.

A presença feminina cada vez maior na cardiologia também é defendida por Queiroga. Ele revela que mais da metade dos médicos que se formam no país são do sexo feminino, mas que, na cardiologia, o cenário é diferente: 71% dos especialistas da área são homens e apenas 29% são mulheres. “Na nossa gestão à frente da SBC, é prioridade número um ampliar a participação das cardiologistas na entidade e na programação científica dos nossos congressos, simpósios, para que, com sua sensibilidade e sua capacidade de trabalho, possam enriquecer cada vez mais a cardiologia brasileira”, afirma.

Com relação à pandemia do novo coronavírus, o presidente da SBC falou que as autoridades sanitárias do Ministério Saúde têm mostrado que a cardiopatia é a comorbidade mais associada com a mortalidade em decorrência da covid-19. E que o receio da contaminação também tem feito pacientes portadores de doenças cardiovasculares, e de outras doenças agudas, que necessitam de acompanhamento médico, negligenciarem a rotina de saúde, deixando de ir ao médico.

A SBC vem acompanhando a situação por causa da redução no número de atendimentos cardiológicos de urgência em todo o país e, como não havia informações consolidadas nem uma explicação única sobre a diminuição, em parceria com a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil), a entidade analisou, interpretou e consolidou, com o apoio de médicos e pesquisadores das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), os óbitos em domicílios por doenças cardiovasculares.

As informações disponíveis no Portal da Transparência (https://transparencia.registrocivil.org.br) mostram que houve redução de 11,4% das notificações de óbitos por infarto e acidente vascular cerebral (AVC) desde o início da pandemia, e um aumento de quase 50% dos óbitos domiciliares por doenças cardíacas inespecíficas (mortes súbitas e parada cardíaca).

Outro alerta da SBC que Queiroga faz é que os portadores de doenças cardiovasculares devem continuar a fazer uso dos seus medicamentos, com prescrição médica, porque, ao suspender a medicação, essas enfermidades ficam descontroladas e os pacientes cardiopatas têm três vezes mais risco de óbito do que a população em geral quando contraído o novo coronavírus.

O presidente da SBC ainda aponta outra questão que precisa ser resolvida: o diagnóstico correto e o tratamento adequado precisam chegar a todo brasileiro, de norte a sul do país. “Médicos, profissionais de saúde e autoridades sanitárias têm de buscar soluções para resolver esse problema”, afirma Queiroga.

Nesse aspecto, ele acredita que a telemedicina pode auxiliar em muito a democratizar o acesso ao atendimento da população. A SBC, desde 2019, estabeleceu na Diretriz de Telemedicina Aplicada à Cardiologia, as recomendações para o seu emprego baseado na melhor evidência, publicada com o objetivo de esclarecer os cardiologistas, a categoria médica e a sociedade em geral sobre as bases científicas e aplicações da telecardiologia no cenário atual.

Para Queiroga, apesar de a telemedicina estar regulamentada enquanto durar a pandemia, ele acredita ser um caminho sem volta, mas, para que ela seja eficiente, é preciso que o país tenha infraestrutura para que o teleatendimento chegue a quem precisa. “São 5.570 municípios em todo o país e aproximadamente 9% deles estão em áreas remotas, sem acesso à telefonia 4G”, observa, lembrando que a telemedicina não substituiu o atendimento presencial. “Não se pode esquecer que 75% dos brasileiros são assistidos pelo SUS, que é a mais importante ferramenta para o enfrentamento da pandemia de covid-19 e todos os outros males que afetam as pessoas.”

Todos esses temas foram abordados em entrevista concedida pelo presidente da SBC ao jornalista Marcelo Campos, no programa Cidadania, da TV Senado.

Comentários

Logotipo da SBC

Sede - São Paulo

Alameda Santos, 705

11º andar - Cerqueira César

São Paulo - CEP: 01419-001

E-mail: sbc@cardiol.br

Sede - Rio de Janeiro

Av. Marechal Câmara, 160

andar - Sala: 330 - Centro

Rio de Janeiro - CEP: 20020-907

E-mail: sbc@cardiol.br

Telefone: (21) 3478-2700

Redes sociais

Link para LinkedInnLink para FacebookLink para TwitterLink para YouTubeLink para Instagram

Baixe o app Cardiol Mobile

Apple Store BadgeGoogle Play Badge
Certificação 9001 da SBC

Desenvolvido por:

Produzido por Docta