Recomendações ao Cardiologista para minimizar os riscos de exposição durante a pandemia de COVID-19
Recomendações ao Cardiologista para minimizar os riscos de exposição durante a pandemia de COVID-19

23/03/2020, 15:10 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) acompanha atentamente a pandemia de COVID-19 e suas consequências. Reconhecendo que “a contenção da epidemia é pilar central da estratégia”, como declarado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), e, alinhado com a recomendação da Associação Médica Brasileira, visando consolidar as posições publicadas pelos departamentos especializados e sociedades filiadas, reúne de forma atualizada neste comunicado as recomendações para minimizar os riscos aos pacientes e a exposição do cardiologista durante a pandemia de COVID-19. É importante reconhecer que frente à dinâmica da pandemia ora corrente, qualquer dessas recomendações poderá ser atualizada caso surjam novos fatos e/ou evidências científicas. Reitera-se que é fundamental a adoção sistemática de todas as medidas preventivas recomendadas pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde, provendo cuidado de alta qualidade para os pacientes com doença cardiovascular em meio à crise e ao mesmo tempo minimizando o risco de infecção do profissional de saúde cardiovascular. Nesse sentido, todo e qualquer atendimento deve respeitar as normas preconizadas de higienização, proteção individual e restrição de contato. O profissional de saúde é o ativo valioso no enfrentamento da pandemia, portando, deve-se pugnar por sua integridade física e psicológica, garantindo acesso prioritário aos exames diagnósticos (caso haja suspeita de contaminação pelo COVID 19) e outras medidas preventivas e/ou terapêuticas, como o acesso às vacinas previstas nos protocolos do Ministério da Saúde, ie: influenza e outras.

Cardiologia clínica

  • Suspender as consultas ambulatoriais eletivas presenciais. Caso o médico julgue imprescindível realizá-la, deve fazê-lo de acordo com as determinações das autoridades locais e do diretor técnico do serviço.
  • Sempre que possível, utilizar recursos de telemedicina (teleorientação, telemonitoramento e teleinterconsulta), conforme regulamentação do CFM.
  • Uso adequado e racional de insumos e equipamentos de proteção individual (EPI) para o profissional de saúde, conforme as orientações do Ministério da Saúde.
  • Priorizar leitos hospitalares para pacientes com quadro de COVID-10 grave.
  • Aconselhar, no caso dos pacientes internados, os familiares e acompanhantes a reduzirem as visitas hospitalares, bem como reduzir o tempo de permanência.

Cardiologia Intervencionista/eletrofisiologia/cirurgia cardíaca

  • Adiar procedimentos eletivos.
  • Minimizar o número de pessoas no laboratório de cateterismo cardíaco, readequar escalas para o fluxo reduzido de procedimentos e restringir a permanência de acompanhantes.
  • Usar laboratório de cateterismo ou sala cirúrgica com pressão negativa, se disponível.
  • Considerar fibrinólise caso a angioplastia não seja exequível.
  • Em pacientes infectados ou suspeitos, limitar a realização de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos às situações de emergência (bloqueios atrioventriculares de alto grau, infarto agudo do miocárdio com supradesnível de segmento ST e síndrome coronária aguda sem supradesnível de segmento ST com critérios de instabilidade imputados à doença coronária). Nos casos sem critérios de instabilidade, recomenda-se postergar até o momento em que se encontre em uma fase não infectante.
  • Minimizar a permanência hospitalar do paciente após o procedimento.
  • Prover proteção apropriada e rigorosa para pacientes e profissionais de saúde no laboratório de hemodinâmica.
  • Casos de pacientes que, mesmo sem urgência ou emergência caracterizada necessitem de intervenções cardíacas, devem ser analisados sob a perspectiva individual de cada caso e dos riscos oriundos de possíveis adiamentos. Vale a zelosa avaliação clínica pelos profissionais envolvidos, considerando o estado de saúde do paciente e o impacto da realização ou não da intervenção.

Ecocardiografia

  • Adiar os ecocardiogramas transtorácicos eletivos para serem realizados após o término da pandemia. Quando isso não for possível/factível, sugere-se que o médico ecocardiografista, em comum acordo com o médico solicitante, avalie a indicação apropriada e sua realização.
  • Cancelar todos os ecocardiogramas transesofágicos (ETE) e sob estresse eletivos. Em solicitações de ETE em pacientes internados, discutir com o médico assistente a indicação e a possibilidade de postergar. Nos casos em que se realizar o exame, usar EPI completo (luvas, gorro, óculos, avental cirúrgico, máscara N-95) e, se possível, capa protetora para o transdutor.
  • Em internados, a preferência é fazer os exames necessários à beira do leito, sempre com as medidas de proteção adequadas conforme o caso e com o menor número possível de indivíduos no aposento.
  • Diminuir o tempo de realização dos exames, direcionando para a queixa do paciente ou suspeita diagnóstica do médico assistente.
  • Limpar e desinfetar apropriadamente as máquinas e transdutores após o uso, de acordo com as especificações de cada fabricante.
  • Restringir a realização do ecocardiograma fetal às situações de alteração no exame de ultrassonografia morfológica fetal e/ou presença de fatores de risco significativos para cardiopatia congênita. Recomenda-se que esses exames sejam realizados fora do ambiente hospitalar.
  • Os demais métodos de imagem cardiovascular devem seguir as normas gerais deste documento, ou seja, postergar sempre que possível os procedimentos eletivos, discutindo a possibilidade de reagendar o exame, especialmente em indivíduos com sintomas respiratórios ou situação vulnerável.

Outros testes diagnósticos (eletrocardiograma, teste ergométrico, MAPA, Holter)

  • Adiar todos os exames eletivos.
  • A eventual suspensão de serviços ambulatoriais deve observar as determinações das autoridades sanitárias locais ou normas internas das instituições de saúde.

"background-color: #NaNNaNNaN;">Referências:

  1. Posição do Conselho Federal de Medicina sobre a pandemia de COVID‐19: contexto, análise de medidas e recomendações, http://portal.cfm.org.br/images/PDF/covid-19cfm.pdf
  2. Infecção pelo Coronavírus 2019 (COVID-19)-Sociedade Brasileira de Cardiologia, http://www.cardiol.br/sbcinforma/2020/20200315-comunicado-coronavirus.html
  3. Associação Médica Brasileira - Protocolos de atendimento durante pandemia Covid-19, https://amb.org.br/wp-content/uploads/2020/03/OF.DIR_.043.2020-Protocolos-de-atendimento-durante-pandemia-Covid.19.pdf
  4. Posicionamento da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Interevncionista (SBHCI) sober a Pandemia COVID-19, https://www.sbhci.org/post/comunicado-04-2020
  5. Recomendações DIC/SBC para a realização de exames de imagem cardiovascular durante a pandemia pela COVID-19, https://www.portal.cardiol.br/post/recomenda%C3%A7%C3%B5es-dic-sbc-para-a-realiza%C3%A7%C3%A3o-de-exames-de-imagem-cardiovascular-durante-a-pandemia
  6. Driggin E, Madhavan MV, Bikdeli B, Chuich T, Laracy J, Bondi-Zoccai G et al. Cardiovascular Considerations for Patients, Health Care Workers, and Health Systems During the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Pandemic. , Journal of the American College of Cardiology (2020), doi: https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.03.031.
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