Prévia da nova Diretriz De Tomografia e Ressonância Magnética Cardiovascular é apresentada no CBC
Prévia da nova Diretriz De Tomografia e Ressonância Magnética Cardiovascular é apresentada no CBC

06/10/2023, 09:52 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Documento consultivo tem lançamento previsto para final de 2023.

Uma prévia dos protocolos que compõem a III Diretriz de Tomografia e Ressonância Magnética Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com previsão de lançamento até o final de 2023, foi apresentada durante o painel “Atualização em tomografia e ressonância cardiovascular”, no segundo dia do 78º Congresso Brasileiro de Cardiologia.

A atividade foi coordenada por José Airton de Arruda, cardiologista intervencionista no Hemodinâmica Meridional, do Hospital Meridional, no Espírito Santo, professor livre docente do Incor (HC/FMUSP) e coordenador da Ressonância Magnética e Tomografia Cardiovascular do Hospital do Coração, de São Paulo.

“A atualização da diretriz representa um trabalho extenuante de um grande número de profissionais e que são de interesse direto do cardiologista clínico que está na ponta cuidado do paciente”, destacou Rochitte na abertura do painel.

Tomografia cardíaca

Paulo Roberto Schvartzman, do Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, apresentou três os potenciais do uso da tomografia das artérias coronarianas em três cenários clínicos, considerando o escore de cálcio e as angiotomografias para dor torácica aguda e crônica.

Segundo o médico, o método diagnóstico é o único capaz de avaliar a aterosclerose em diferentes etapas. O cardiologista ainda destacou que o escore de cálcio equivale a mamografia em relação ao nível de radiação, ou seja, com valores muito baixos e que não causam preocupação. “Ele é capaz de ajudar o cardiologista clínico a lidar com pacientes para que eles atinjam os cem anos”, afirmou Schvartzman.

Schvartzman também ressaltou que o uso do método é útil em todos os níveis com mensuração fidedigna: em pacientes jovens para verificar a presença e progressão de aterosclerose; em intermediários, para reestratificar os fatores de risco para cima ou para baixo; e em idosos, para reestratificar para baixo.

“Novos estudos mostram que pacientes que apresentam escore de cálcio acima de 300 têm uma linha de sobrevida exatamente igual àqueles que já tiveram eventos cardiovasculares prévios. Isso mostra que esses pacientes deveriam ser tratados com prevenção secundária, ao invés de primária”, disse ele.

Já em relação à dor torácica aguda, o cardiologista destacou a angiotomografia de artérias coronárias como um potencial de diagnóstico para pacientes com risco baixo ou intermediário, pontuando que é possível avaliar pacientes que não têm doença prévia na sala de emergência.

Na dor torácica crônica, Schvartzman explica que o PROMISE Trial aponta que não há diferença na abordagem anatômica ou funcional. No entanto, ele pontuou que “há indícios de que pacientes que fazem a estratégia anatômica têm melhor sobrevida, possivelmente por ver a lesão e aderir mais ao tratamento”.

Ressonância magnética cardíaca

Tiago Augusto Magalhães, médico do serviço de Tomografia e Ressonância Cardiovascular do Complexo Hospital de Clínicas da UFPR, ressaltou que os esforços para a construção da nova diretriz incluem a pesquisa do contexto internacional, mas principalmente contextualizar as informações dentro da realidade brasileira.

Segundo o médico, a ressonância magnética cardíaca ganhou maior notoriedade nos últimos três anos diante da pandemia de Covid-19. Magalhães apresentou que o método é atualmente considerado Classe I em casos de coronariopatia crônica para avaliação de isquemia miocárdica, além da pesquisa quantitativa desta última.

Ele ainda indicou que uma das grandes novidades dos últimos anos é a colocação da ressonância magnética cardíaca como protagonista no cenário geral de cardiomiopatias, inclusive para avaliação inicial, e como um exame Classe IIa para estratificação de risco.

“Isso se deve por um motivo muito simples - a capacidade não só de definição anatômica, mas de caracterização tecidual com o advento do mapa de T1 e com a possibilidade de fazer uma estimativa de volume do espaço extracelular”, disse Magalhães.

O cardiologista adiantou que na nova diretriz, a ressonância passa a ser indicada em 112 cenários clínicos no cardiopata adulto e 54 casos clínicos no cardiopata congênito. Por isso, ele considera como um importante material de consulta para ajudar os cardiologistas na tomada de decisão clínica.

A importância das diretrizes

Roberto Rocha Corrêa Veiga Giraldez, médico assistente na Unidade Clínica de Coronariopatia Aguda do InCor - HC-FMUSP, fechou a discussão citando que ao longo das últimas décadas a cardiologia sofreu uma revolução.

“Nós como clínicos temos o desafio de assimilar todas as novas informações, medicamentos, métodos diagnósticos, além de estar em contato com uma família de revistas científicas”, disse Giraldez ao ressaltar a importância da diretriz como documento de consulta unificada.

O médico relembrou que a doença arterial coronariana é a principal causa de mortalidade entre todas doenças existentes. Por isso, Giraldez destaca o escore de cálcio como uma revolução na forma como os cardiologistas tratam seus pacientes.

O risco de um paciente apresentar evento coronariano, seja morte, reinfarto ou acidente vascular cerebral, é a informação que os cardiologistas clínicos mais buscam. Giraldez ressalta a multimodalidade para avaliação de prognósticos.

“Nada compete com nada e, na verdade, tudo se adiciona para tentarmos responder a pergunta-chave ‘o que vai acontecer com nossos pacientes?’. Isso é muito difícil para nós cardiologistas clínicos e precisamos usar as diversas ferramentas disponíveis”, disse Giraldez.

Ainda em relação ao escore de cálcio, o cardiologista pontua que ele é melhor para prever o que vai acontecer nas coronárias. Além disso, Giraldez apresenta que os dados clínicos laboratoriais junto esse escore podem ajudar muito o cardiologista a saber o que fazer com o paciente.

Giraldez ainda destacou o papel da angiotomografia na melhora clínica de pacientes com aterosclerose coronária. Ele apresentou estudos que demonstram que o exame leva médicos a serem mais agressivos em seus tratamentos, assim como colabora para que pacientes adiram melhor aos tratamentos.

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