Protasio da Luz relembra sua trajetória com a SBC e faz levantamento do passado, presente e futuro
02/02/2023, 21:41 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Em meio às comemorações dos 80 anos da Sociedade, o professor,
membro titular da Academia Brasileira de Ciências, compartilha
lembranças e conhecimentos
“Embora seja uma ciência complexa, a medicina necessita de humanismo. Todo o nosso conhecimento é dirigido à pessoa humana”. É dessa forma que Protasio da Luz, professor sênior de Cardiologia da USP, pesquisador brasileiro e membro titular da Academia Brasileira de Ciências define a área em que atua há mais de cinquenta anos.
A resposta faz parte da mensagem que o pesquisador deixa para cardiologistas que estão iniciando a carreira. Figura essencial para a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Protasio é um dos profissionais que contribuíram para a história da instituição, que completa agora em 2023, 80 anos de existência.
Envolvimento com a SBC
“A SBC tem grande mérito na educação do cardiologista brasileiro.”, destaca o professor, que desde 1976 participa das atividades da sociedade de forma constante. Com orgulho, ele diz que participou de todos os congressos da SBC nesses 47 anos, apresentando trabalhos, realizando conferências e discutindo temáticas relevantes.
Em um desses eventos, relembra, foi nomeado secretário. Em outro, presidente da comissão científica. Além disso, também participou da comissão organizadora do Congresso Mundial de Cardiologia, no Rio de Janeiro.
“Éramos sete pesquisadores brasileiros com grande experiência e fizemos uma proposta de formato para o Congresso Mundial que foi adotado pela World Heart Federation (WHF).”, detalha Protasio.
Apesar do grande envolvimento com a SBC, um momento se destaca com maior potência: a modificação do estatuto da instituição. Através da criação de um sistema de colegiado, há dois anos, houve uma alteração no processo de escolha do presidente da Sociedade.
“Até 2 anos atrás um candidato pedia votos pelo país. Nós criamos um sistema em que o presidente da SBC é escolhido a cada 2 anos dentre os membros do colegiado. Para chegar a esse grupo a pessoa precisa ter uma história de participação na instituição.”, ressalta Protasio.
O que podemos aprender com os últimos avanços na Cardiologia
Ao olhar para trás e identificar as principais transformações na área da Cardiologia nos últimos anos, o professor destaca algumas que fizeram, e fazem, uma grande diferença na qualidade da cardiologia. São elas as áreas de imagens e avanços em diagnósticos, o progresso em intervenções percutâneas, ou minimamente invasivas e a área de transplantes.
Protásio ainda destaca conceitos que se modificaram, como por exemplo a definição de um conceito de inflamação. “Antes não existia o conceito claro do que era uma inflamação como um processo químico, participando de maneira tão intensa nos processos de formação de placas”.
Outros campos de destaque são o da genética, prevenção e tratamento e endotélio. Sobre este último, o pesquisador destaca: “Essa é uma área que eu tenho interesse especial. Já estamos fazendo a segunda edição do livro de endotélio publicado nos Estados Unidos”.
O que o futuro reserva?
Em uma previsão para o futuro da Cardiologia, o professor destaca seis pontos. Por um lado, acredita em uma evolução na parte de diagnósticos não invasivos, na predominância do estudo da fisiopatologia celular e subcelular e no desenvolvimento e aplicação da inteligência artificial no atendimento, diagnóstico e tratamento.
Por outro, também destaca mudanças com foco no paciente. Acredita que, cada vez mais, o foco estará na prevenção, antes do tratamento, na valorização da saúde da pessoa, de forma individualizada e na atenção maior a dois grupos de pessoas: as crianças e adolescentes e idosos.
Além do ponto que inicia este texto, Protasio deixa mais duas mensagens para os profissionais que estão ingressando na área: “Estude a fisiologia, o entendimento do fenômeno biológico que faz o coração funcionar. Além disso: atualize-se sempre! Saiba o que está acontecendo, acompanhe as mudanças e aproveite congressos, simpósios e a experiência de outras pessoas”.