Presidente do Congresso Mundial de Cardiologia 2022 antecipa detalhes da organização
25/02/2022, 09:02 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Em entrevista exclusiva, Dra. Andréa Brandão fala sobre a expectativa e as novidades para esta edição do evento, que retorna ao Brasil depois de 24 anos
Em 2022, o Brasil será palco de um dos maiores e mais importantes acontecimentos da cardiologia mundial. A cidade do Rio de Janeiro sediará o World Congress of Cardiology (WCC), liderado pela World Heart Federation (WHF). O evento acontecerá de 13 a 15 de outubro, no Centro de Convenções Riocentro, em conjunto com o 77º Congresso Brasileiro de Cardiologia (CBC), realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Esse gigantesco evento tem como presidente a Dra. Andréa Brandão. Ela é vice-presidente do Conselho Administrativo da SBC e professora titular de Cardiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), bem como tem vasta experiência em organização de eventos na área de cardiologia.
Em entrevista exclusiva, Andréa fala sobre a expectativa para o evento e as novidades desta edição, comemora os mais de 3 mil inscritos até o momento e antecipa pontos da programação científica, que está 75% elaborada e muito em breve será divulgada. Leia a seguir.
SBC - Após 24 anos, o Congresso Mundial de Cardiologia volta ao Brasil, mais especificamente à cidade do Rio de Janeiro. Qual é a expectativa para receber a comunidade cardiológica mundial em nosso país?
André Brandão - Para nós, é uma honra muito grande ter o Congresso Mundial de Cardiologia no país depois de 24 anos. Essa iniciativa foi capitaneada pelo Dr. Marcelo Queiroga (ex-presidente da SBC e hoje ministro da Saúde), ainda em 2020, quando disputamos com a China e conseguimos ganhar a indicação do país para sediar um dos maiores encontros da cardiologia do mundo.
Esta é uma parceria da SBC com a World Heart Federation, que potencializa o evento sob a perspectiva da sua qualidade científica, da presença de centenas de cardiologistas de todas as partes do mundo, e da visibilidade do Brasil no cenário mundial quando se fala de doença cardiovascular e da prática cardiológica.
Nosso objetivo é realizar um congresso bastante dinâmico, com a presença de nomes internacionais de grande sucesso e reconhecimento, fazendo uma programação de alta qualidade científica, que atenda às expectativas dos nossos associados e também de cardiologistas de fora do país, em especial da América Latina, mas também da América do Norte, da Europa, da Ásia e da África, que já têm se manifestado favoráveis a participar do evento.
SBC - O 77º CBC, com o Mundial de Cardiologia, será em formato híbrido. A possibilidade do reencontro presencial, depois de um período turbulento de pandemia, traz um peso diferenciado ao evento?
Andréa Brandão - Acreditamos que depois desse momento que vivemos em relação à pandemia da covid-19, o Congresso Mundial de Cardiologia passa a atender a uma expectativa adicional das pessoas em se reencontrarem num evento presencial. Sinceramente, acreditamos que isso faz muita diferença. Observamos nos últimos dois anos todas as facilidades de interações digitais, de reuniões a distância, de aulas e outros tipos de atividades realizadas por intermédio das plataformas digitais, mas existe a necessidade do encontro das pessoas, a troca das experiências presencial, a aproximação dos cardiologistas com as suas referências tanto nacionais como internacionais.
Certamente a realização de um congresso mundial de sucesso pode colocar o Brasil em uma posição diferenciada. Esperamos um grande número de congressistas e que sejamos reconhecidos como um congresso de alto valor científico. Temos várias novidades e alguns números já traduzem o interesse muito grande pelo nosso evento. Abrimos as inscrições em novembro, logo após a edição de 2021 do Congresso Brasileiro de Cardiologia, e já temos 3,5 mil inscritos. Nossa expectativa é reunir 10 mil congressistas presenciais.
SBC - Quais são as novidades em acessibilidade do evento?
Andréa Brandão - Concomitantemente ao presencial, teremos canais de transmissão ao vivo das principais atividades, o que permitirá que as pessoas com mais dificuldades para comparecer in loco possam acessar e participar. A maioria das atividades serão gravadas e poderão ser acessadas posteriormente sob demanda, durante seis meses, seja para quem participar presencialmente, seja para quem acompanhar remotamente. É claro que não é possível acompanhar tudo que se gostaria durante um evento, por isso possibilitaremos o acesso posterior às atividades. Esse é um aspecto novo, que ganhamos com o aprendizado adquirido durante a pandemia para podermos utilizar agora ao nosso favor em termos de maior acessibilidade durante e após a realização do evento.
SBC - E em termos da programação científica?
Andréa Brandão - No último dia 19 de fevereiro, houve uma reunião conjunta das comissões científicas da SBC e da World Heart Federation, em que debatemos os temas trabalhados em cada comitê, o número de atividades e a duração, ou seja, acertos da grade científica e da composição dessa programação. A Comissão Científica Brasileira já está na sua quinta reunião formal, fora o trabalho em casa. Já estamos com aproximadamente 75% do nosso programa científico pronto. Estamos trabalhando firme para fecharmos essa composição e anunciar os destaques principais para nossos sócios e demais congressistas.
Nesta edição, teremos mais atividades internacionais, maior presença de sociedades internacionais de cardiologia, que serão uma tônica do congresso. Desde agosto de 2021 temos trabalhado na programação científica, que envolverá uma atualização aprofundada dos principais temas da cardiologia. Não há dúvidas de que será um congresso de elevadíssimo nível científico e com uma motivação a mais, que é poder encontrar os amigos atuais e fazer novos, além de estar perto das lideranças nacionais e internacionais da nossa especialidade.
A programação científica do Congresso Mundial de Cardiologia 2022 vai debater os temas clássicos da cardiologia, sem dúvida nenhuma, trazendo a fronteira do conhecimento nos seus variados aspectos. As diferentes subáreas serão tratadas de forma aprofundada com quem trabalha nelas, faz pesquisa e gera uma produção científica de ponta. Também planejamos explorar as novas tecnologias e ferramentas digitais que podem ser usadas na prática clínica cardiológica.
SBC - Neste âmbito, a covid-19 certamente será destaque…
Andréa Brandão - Não podemos esquecer, realmente, as questões relacionadas à covid-19 e também a outras enfermidades que representam doenças negligenciadas. Estamos lidando com a direção que tomaremos a partir de agora e de que forma conviveremos com a evolução da covid-19. Como vamos nos comportar quanto a isso e, principalmente, como agir diante da síndrome pós-covid, que é uma realidade no consultório de todos que trabalham com cardiologia. Essa questão não poderá faltar no evento. O conhecimento sobre a covid-19 está em construção e certamente vamos trazê-lo ao centro dos debates.
SBC - Existe uma preocupação latente com as implicações de doenças negligenciadas. Como isso estará presente no congresso?
Andréa Brandão - Mencionei as doenças negligenciadas, como a febre reumática, doença de Chagas entre outras doenças infecciosas e inflamatórias que atingem o sistema cardiovascular. A World Heart Federation tem dado ênfase a essas doenças que são menos estudadas e menos valorizadas nos congressos. A Federação trará uma programação científica sobre esses temas e também para a situação de doenças cardiovasculares em cada parte do planeta, porque a maneira como cada uma é tratada e estudada difere em cada parte do mundo.
A troca de experiências e a observação dessas doenças em diferentes lugares, como África e Ásia, certamente traz uma visão mais abrangente e a perspectiva de melhorar a prática da doença cardiovascular de maneira que garanta melhor acesso e melhor atuação na doença em todo o mundo.
SBC - Quais são as novidades para quem deseja apresentar produções científicas?
Andréa Brandão - Em relação ao Congresso Brasileiro de Cardiologia, teremos uma sessão de late-break clinical trials; nela traremos estudos clínicos ainda não lançados que serão apresentados em nosso evento. Estamos buscando áreas de pesquisa que possam trazer resultados relevantes para o nosso congresso.
Teremos a área de temas livres, muito concorridos, até porque serão publicados não só nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, mas também na revista Global Heart, que é uma publicação da World Heart Federation cujo fator impacto é grande, interessando aos pesquisadores brasileiros. É uma outra iniciativa importante, diferente do que se vê em outros congressos nacionais. Imaginamos que possamos trazer uma revisão dos principais temas da cardiologia, mas também trazer pesquisadores, lideranças internacionais dentro daquelas subáreas, que realmente compartilhem suas visões, suas pesquisas, suas experiências como referências. Estamos muito animados tanto no aspecto científico como no aspecto da reunião dessas lideranças com os nossos cardiologistas aqui no Brasil.
SBC - Para encerrar, deixe um convite especial para que toda a comunidade cardiológica do Brasil participe do Congresso Mundial de Cardiologia 2022.
Andréa Brandão - Falo com vocês sobre o Congresso Brasileiro de Cardiologia, que, neste ano de 2022, será também o Congresso Mundial de Cardiologia, na cidade do Rio de Janeiro, de 13 a 15 de outubro. Estamos muito animados, com a expectativa muito elevada em relação a esse evento, que trará o melhor da informação científica em todas as subáreas da cardiologia e permitirá a reunião de nossos cardiologistas e de todos os profissionais que comparecerem com as principais lideranças científicas não apenas nacionais, mas também internacionais. Temos certeza de que esse congresso trará o que há de melhor em cada área e você vai estar presencialmente aqui para assistir a tudo da melhor maneira possível. Venha! Não perca tempo: inscreva-se o mais rápido possível e comece a receber todas as informações sobre o maior evento da cardiologia mundial.
Leia também: Estão abertas as inscrições para temas livres no 77º CBC
Sobre
O 77º Congresso Brasileiro de Cardiologia (CBC) e o World Congress of Cardiology (WCC) acontecerão de 13 a 15 de outubro, no Centro de Convenções Riocentro, no Rio de Janeiro, em formato híbrido. O WCC já ocorreu no Brasil, em 1998, também no Rio de Janeiro, quando reuniu 20 mil participantes.
Desde 1950, o WCC tem se destacado no calendário da especialidade, oferecendo uma perspectiva verdadeiramente global sobre a saúde do coração e reunindo milhares de profissionais da cardiologia de todo o planeta, com o objetivo comum de reduzir o impacto das doenças cardiovasculares no mundo.
Já o Congresso Brasileiro de Cardiologia vem se firmando como o maior congresso da especialidade na América Latina e o quarto maior do mundo. Com o WCC, a SBC espera uma edição com recorde de público.
Inscrições e mais informações: www.sbc2022.com.br