Presidente da SBC reitera necessidade de combate a fatores de risco para doenças cardiovasculares
13/10/2020, 17:10 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Marcelo Queiroga participou de debate virtual em comemoração ao Dia Mundial do Coração, promovido pela Frente Parlamentar em Defesa do Esporte
A Câmara dos Deputados realizou no dia 2 de outubro um debate virtual em alusão ao Dia Mundial do Coração, comemorado no dia 29 de setembro. O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, foi um dos convidados para falar sobre as doenças estruturais do coração. A iniciativa foi da Frente Parlamentar em Defesa do Esporte realizou e a mediação foi do deputado Júlio César Ribeiro (Republicanos-DF).
Além de Queiroga, participaram o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Eduardo Rocha, e a diretora de Avaliação de Tecnologia em Saúde da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), Fernanda Marinho Mangione.
Há muito as doenças cardiovasculares são um sério problema de saúde pública. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que cerca de 18 milhões de indivíduos morrem por ano em decorrência de enfermidades do coração. Meio bilhão de pessoas têm doenças cardíacas no mundo, 14 milhões só no Brasil.
“Esse ano vivemos um cenário de emergência na saúde pública mundial. No Brasil temos um agravamento maior da situação por sermos um país continental, com heterogeneidade na população, o que dificultam a implementação de ações de atenção à saúde. Somos um país que tem uma região norte com número menor de médicos e estruturas hospitalares e uma região sudeste com uma estrutura mais forte. É um contexto muito complexo”, disse Queiroga.
A SBC há muito reitera a necessidade de combater os fatores de risco das doenças cardiovasculares. Queiroga ressaltou que há fatores que são quantificáveis, como controle da hipertensão arterial, do diabetes, da obesidade e o combate ao tabagismo e à vida sedentária. A união de toda a cadeia de saúde a nível de atenção primária tende a mudar os indicadores e reduzir a história natural de muitas das doenças, sobretudo o infarto do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Para ele, existem políticas públicas que contemplam essas situações, não sendo necessário nenhuma incorporação de tecnologia. Já existem medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial, para o diabetes, trombolíticos, angioplastia primária para atender esses pacientes. O que se faz necessário, de acordo com o presidente da SBC, é que essas políticas públicas tenham concretude, eficiência e cheguem para cada um dos brasileiros.
“A cardiologia é um tipo de especialidade que está presente desde a atenção primária até a alta complexidade. Eu sou cardiologista intervencionista - o primeiro que preside a SBC em 77 anos de existência, e eu sei da necessidade de se contemplar a atenção primária, a atenção de média complexidade - que é onde está a consulta com especialistas, e precisamos ter também os grandes centros de alta complexidade cardiovascular. O Sistema Único de Saúde (SUS) já realiza procedimentos mais complexos, como transplantes, prevenção coronariana, implantes de desfibriladores automáticos, mas é preciso eficiência”, destacou Queiroga.
Queiroga lembra que o Brasil vive um processo de transição demográfica, com a população envelhecendo, o que, consequentemente, viabiliza o aumento no número de doenças crônicas degenerativas, câncer e doenças das válvulas cardíacas. Cerca de 3% a 5% dos indivíduos acima de 75 anos, têm estreitamento na válvula aórtica. O período do aparecimento dos primeiros sintomas e o óbito é de pode variar de três meses a um ano. Segundo Queiroga, quando os sintomas são a insuficiência cardíaca e alteração do ritmo cardíaco, em um ano os indivíduos morrem.
“O tratamento nós sabemos qual é: substituir a válvula aórtica que está acometida. Ela é a porta de saída do coração. O Brasil já faz isso há muito tempo, que é a cirurgia de peito aberto. A nossa indústria nacional, inclusive, produz válvulas. Isso é um alento para o sistema público que é subfinanciado por conta das questões econômicas, só que muitos desses indivíduos idosos não têm condições clínicas de se submeterem a uma cirurgia de peito aberto, que apesar de segura, neles é associada a um risco maior”, alertou o presidente da SBC.
Assista na íntegra o debate virtual em comemoração ao Dia Mundial do Coração, promovido pela Frente Parlamentar em Defesa do Esporte.