Monitoramento de pacientes hospitalizados com COVID-19 pode ser baseado em lesões miocárdicas
27/02/2023, 15:52 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
Compartilhar
Medição da proteína troponina pode indicar maior ou menor comprometimento do paciente e auxiliar na conduta de tratamento
A lesão miocárdica pode ser interpretada como uma preditora de evolução mais grave em pacientes hospitalizados com COVID-19. Essa foi a hipótese levantada pelo artigo Lesão Miocárdica e Prognóstico em Pacientes Hospitalizados com COVID-19 no Brasil: Resultados do Registro Nacional de COVID-19, recém-publicado na ABC Cardiol, periódico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Contando com um grupo multidisciplinar de profissionais dentre eles: médicos cardiologistas, clínicos gerais, farmacêuticos e estatísticos, o estudo identifica um biomarcador capaz de fazer uma associação com a injúria miocárdica.
“A análise é um coorte retrospectivo derivado de um estudo multicêntrico, chamado de Registro Brasileiro de COVID-19.”, conta Hannah Cardoso, farmacêutica doutoranda e autora principal do artigo. O estudo citado foi realizado em 31 hospitais brasileiros em cinco estados diferentes e coordenado por Milena Marcolino, coautora do presente artigo.
Com a falta de insumos, consequência da pandemia, foi necessário recolher novamente alguns dados de valores de referência de kits de troponina, já que um hospital que antes utilizava um kit de laboratório com um valor de referência específico necessitou adquirir novos testes de outros laboratórios.
“Com a necessidade de troca de testes, causada pela escassez de mercado, os resultados obtidos de troponina durante a pandemia apresentavam valores de referência referentes ao kit de troponina no momento da análise”, diz Hannah.
A farmacêutica explica que quando o kit de troponina muda, assim como a marca do laboratório, e isso pode alterar o valor de referência.
“Valores que poderiam ser antes considerados normais, com a mudança dos kits podem também sofrer alterações”, ressalta Hannah. Com isso, ela precisou avaliar cada resultado de troponina de forma isolada e verificar os dados coletados com os hospitais .
O estudo mostra que a troponina é um possível marcador de lesão miocárdica que pode ser acompanhada durante o período de internação do paciente, com o objetivo de antecipar e evitar uma possível piora.
“Com a medição da troponina assim que o paciente recebe o diagnóstico, podemos monitorar ao longo da internação e, se identificarmos uma possível alteração, ela sugere que o paciente tem um risco maior de desenvolver desfechos mais graves como óbito e necessidade de ventilação mecânica.”, a autora explica.
A lesão cardíaca, medida pelos níveis de troponina elevados, mostrou ser um preditor independente de mortalidade e suporte ventilatório mecânico em pacientes internados com COVID-19, podendo auxiliar nas condutas médicas dentro do hospital.