Nova era da assistência ventricular
15/09/2022, 10:46 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Estudo brasileiro promissor propõe nova técnica de transplante com dois estágios
Um caso tratado com sucesso e outros seis em processo de seleção de paciente. Este é o status do estudo desenvolvido por Fábio Antônio Gaiotto, cirurgião cardiovascular do Instituto do Coração (InCor), que propõe uma modificação da técnica de Copeland. O novo modelo de transplante é desenvolvido em dois estágios, permitindo que o coração nativo possa ser explantado e o outro coração reposicionado em posição ortotópica. Gaiotto diz que a ideia do projeto surgiu da necessidade de tornar o tratamento mais acessível, já que o custo dos dispositivos mecânicos de longa permanência é alto.
Comentada por Gaiotto e Samuel Padovani Steffen, também do InCor, no editorial Assistência Ventricular Esquerda Biológica: Nova Estratégia para Pacientes com Insuficiência Cardíaca Avançada com Hipertensão Pulmonar, publicado na última edição da ABC Heart Failure & Cardiomyopathy (ABC HF), a nova técnica é indicada para pacientes com hipertensão pulmonar fixa. No modelo, a drenagem da cava superior é conectada diretamente ao átrio direito do coração implantado. “Diante dos resultados do primeiro caso, a cirurgia mostrou resultados ainda melhores que a máquina. Precisamos ver os próximos testes, mas sou um entusiasta da técnica para pacientes com ponte de candidatura para fazer o transplante”, diz Gaiotto.
O primeiro paciente em que a técnica foi testada estava em cuidados paliativos. Gaiotto relembra que, ao oferecer a oportunidade de participar da pesquisa, foi questionado pelo paciente quantas vezes já havia realizado o procedimento. “Expliquei a técnica para ele e disse que era uma experiência, usei essa palavra. Ele ligou para mim e falou ‘mas quantas vezes você já fez?”. Nenhuma, respondi”. A tentativa foi bem sucedida e em menos de 40 dias a pressão pulmonar foi reduzida significativamente, o que permitiu a realização do segundo estágio também com sucesso. “Hoje ele vive uma vida normal”, diz.
Por ser um procedimento novo sem modelo animal para testes, o médico declara que o sucesso do procedimento foi muito marcante para ele. A técnica está sendo desenvolvida dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e Gaiotto acredita que tem potencial para se tornar um procedimento padrão, uma alternativa barata em relação às técnicas atuais. “Uma esperança aos pacientes em cuidados paliativos e que nunca terão acesso aos dispositivos mecânicos de longa permanência”, declara Gaiotto no editorial.
Confira o editorial completo clicando aqui.