Nota de Falecimento: Domingos Junqueira de Moraes
31/07/2019, 12:00 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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A medicina perde um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no Brasil. O cardiologista foi professor titular de Cirurgia Cardiovascular na Faculdade de Medicina da UFF
A Sociedade Brasileira de Cardiologia informa com imenso pesar, o falecimento do Prof. Dr. Domingos Edgardo Junqueira de Moraes, mineiro de Carmo de Minas, que se especializou em cirurgia cardíaca na década de 50 nos Estados Unidos e trouxe a técnica para o Brasil. Estudou medicina na UFRJ, antiga nacional, estagiou na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade de trabalhar com o grande expoente da cirurgia brasileira, Fernando Paulino, que era chefe da instituição.
Em 1956, foi para os Estados Unidos para aprender cirurgia com circulação extracorpórea. Um ano depois, trouxe para a Casa de Saúde São Miguel, no Rio de Janeiro, o conhecimento e o instrumento necessário – financiando por Fernando Paulino – para implementar pioneiramente os alicerces da cirurgia cardíaca no Brasil de maneira rotineira. Foi o início de uma nova era na história da Medicina e da cirurgia no país.
Pouco depois, Domingos melhorou a perfusão e solucionou o que dificultava tantas cirurgias e diminuía a expectativa de sobrevida de tantos pacientes.
O sangue que era direcionado na circulação extracorpórea foi substituído por plasma e soro fisiológico, surgiu a hemodiluição. A técnica era usada em cirurgias cardíacas em todos os estados brasileiros e foi considerada como uma das 20 maiores contribuições da cardiologia brasileira para a cardiologia mundial.
O cardiologista foi professor titular de Cirurgia Cardiovascular na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na vida acadêmica, o professor Domingos defendeu três teses de livre docência. Uma delas sobre o tratamento cirúrgico da insuficiência coronariana, com vários pacientes operados de ponte de safena e mamária durante setembro de 1967 a março de 1970.
Como funcionário do INAMPS, hoje o SUS, foi chefe do serviço de cirurgia cardíaca no hospital da Lagoa, desde o início da década de 1970 até 1986, quando se aposentou. Recebeu na sua vida profissional várias homenagens e honrarias no Brasil e nos EUA.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia se solidariza com os familiares, colegas e amigos nessa perda irreparável.