Investigando a hipertensão arterial sistêmica em adultos obesos
25/07/2023, 16:45 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Pesquisa indica se determinados marcadores podem prever maior chance para o desenvolvimento da condição
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que aproximadamente 35% da população brasileira adulta seja hipertensa. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um fator de risco para outras doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC). As cardiopatias se posicionam hoje como as principais causas de mortes no país.
Desse modo, mecanismos fisiológicos associados à hipertensão arterial sistêmica têm sido investigados na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública pelo Grupo de Pesquisa em Doenças Metabólicas, Exercício Físico e Tecnologias em Saúde. Ao longo dos anos, os integrantes observaram que alguns preditores, de forma isolada, apresentavam algum tipo de associação com a obesidade.
Porém, ao não identificarem nenhum estudo que fizesse essa análise de forma multifatorial, os integrantes do grupo planejaram a logística de uma nova investigação. Ela analisaria a associação entre a hipertensão arterial sistêmica e mercadores laboratoriais, antropométricos, de variabilidade da frequência cardíaca e de apneia obstrutiva do sono.
O resultado acaba de ser publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia (ABC Cardiol) no artigo Associação entre Hipertensão Arterial Sistêmica com Marcadores Laboratoriais, Composição Corporal, Apneia Obstrutiva do Sono e Variabilidade da Frequência Cardíaca em Adultos Obesos.
Um objetivo secundário da investigação foi analisar a sensibilidade e a especificidade das variáveis que são fatores independentes na associação.
“Apesar dos esforços empreendidos, a hipertensão arterial sistêmica ainda representa um desafio significativo para o sistema de saúde brasileiro. A conscientização sobre a doença, a importância do diagnóstico precoce e o controle adequado da pressão arterial continuam sendo pontos cruciais para lidar com esse problema de saúde pública”, ressalta Clarcson Plácido, pesquisador e autor principal do artigo.
O estudo contou com a participação de 95 pacientes - com obesidade - atendidos em um ambulatório de referência em Salvador. Eles foram selecionados a partir de um rigoroso critério de elegibilidade, definido para compor a amostra que viria a compor um projeto de pesquisa, conta Clarcson.
“Eles tinham diagnóstico de obesidade e estavam em processo de preparação para a cirurgia bariátrica. Todos eram atendidos no Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade (NTCO), localizado na cidade de Salvador - Bahia”, o pesquisador compartilha.
O principal objetivo do estudo era entender como diferentes preditores de hipertensão arterial sistêmica, analisados de forma multifatorial, poderiam explicar o desenvolvimento da hipertensão arterial na amostra compreendida.
“Observamos que apenas dois preditores se mostraram independentes para identificar as chances de desenvolvimento de HAS nessa população, que foram a glicemia plasmática em jejum e a gordura visceral abdominal”, detalha Clarcson.
Isso significa que ambos os marcadores, em pessoas com diagnóstico de obesidade, se mostraram protetores para o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica. Mas ainda há muito a ser investigado.
“Fomentar um maior controle dessas variáveis pode ser um fator a ser considerado tanto na assistência quanto em programas de Educação para saúde”, diz o pesquisador.
Nos últimos anos, a situação da hipertensão arterial sistêmica no Brasil tem sido preocupante. Dados epidemiológicos indicam que a prevalência da doença tem aumentado, com mais pessoas sendo diagnosticadas com pressão alta. O desenvolvimento de mais pesquisas sobre a condição pode ajudar na aplicação prática de prevenção e diagnóstico.