Existe relação entre a hipertensão refratária e a ocorrência de acidente vascular cerebral?
25/07/2023, 17:00 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Recente estudo investiga um fenótipo grave da hipertensão resistente, ainda pouco pesquisado
A hipertensão refratária é um fenótipo grave da hipertensão resistente associada a maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) e outros eventos cardiovasculares adversos. Porém, ainda faltam estudos que investiguem a doença. Dessa forma, um recente artigo, publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), buscou avaliar a associação entre a hipertensão refratária e o AVC.
Trata-se da pesquisa Stroke Is Associated with Refractory Hypertension among Resistant Patients in a Cross-Sectional Study, realizada no contexto de um grupo de estudo de Cardiologia na Universidade Federal da Bahia.
“A hipótese surgiu a partir de um estudo de autoria de um dos nossos orientadores, Dr. Cristiano Macedo, em que foi percebida alta taxa de AVC entre pacientes com hipertensão refratária”, explica Guilherme de Andrade Costa, pesquisador e autor do artigo.
Porém, este não era o objetivo primário do estudo, que utilizou dados de pacientes do ambulatório de hipertensão da Universidade selecionados por conveniência.
Guilherme conta que uma outra publicação foi de extrema importância para instigar a investigação. Publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, ele cita a investigação Características Clínicas da Hipertensão Arterial Resistente vs. Refratária em uma População de Hipertensos Afrodescendentes, de autoria do seu orientador, Macedo.
“Além disso, o estudo da hipertensão refratária aumentou muito nos últimos anos, o que também serviu de motivação para buscarmos entender melhor as associações dessa patologia”, complementa Guilherme.
Foi utilizada, principalmente, a regressão logística para a análise dos dados dos pacientes. O pesquisador comenta que o principal achado foi a associação da hipertensão refratária com o AVC em um total de 137 indivíduos.
A publicação é um avanço, mas ainda deixa muitas perguntas em aberto no campo da hipertensão refratária, como ressalta Guilherme. “Uma das particularidades da hipertensão refratária, que acho interessante, é sua base fisiopatológica e como ela se diferencia de outros fenótipos de hipertensão. A melhor compreensão desses mecanismos pode guiar mudanças no tratamento da condição”.
Ele acredita que algumas dessas perguntas podem ser respondidas por estudos especializados e mais complexos, com acompanhamento a longo prazo da doença, por exemplo.