Exercício físico pode contribuir para controlar complicações cardíacas na diabetes mellitus tipo 2
10/04/2023, 14:06 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Estudo de revisão sistemática investiga, pela primeira vez, relação do exercício com a função ventricular esquerda na diabetes mellitus tipo 2 em seres humanos
Estudos apontam que algumas complicações cardíacas podem acometer indivíduos com diabetes mellitus com maior frequência e aumentar a chance de complicações graves. A população diabética possui risco aumentado de desenvolver insuficiência cardíaca (IC), por exemplo. A taxa de mortalidade nesses indivíduos é quatro vezes maior do que em pacientes diabéticos sem a condição.
É de conhecimento comum que o exercício físico pode ser um grande aliado não só na prevenção, mas também no tratamento de diversas doenças, como apontam diferentes estudos. Apesar disso, investigações sobre o efeito do exercício na função ventricular esquerda no diabetes mellitus tipo 2 ainda são heterogêneos.
Por isso, o estudo Effects of Physical Exercise on Left Ventricular Function in Type 2 Diabetes Mellitus: A Systematic Review, publicado na última edição do International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), buscou analisar os efeitos do exercício físico na disfunção ventricular esquerda na diabetes mellitus tipo 2.
Apenas ensaios clínicos randomizados com humanos publicados em inglês foram incluídos na revisão sistemática. Os critérios de inclusão foram estudos com pacientes com diabetes tipo 2, exercício físico, grupo controle e disfunção ventricular esquerda.
Os critérios de exclusão foram estudos com animais, crianças, adolescentes, idosos e atletas, presença de intervenção dietética e pacientes com diabetes tipo 1, câncer, doenças cardíacas, pulmonares ou neurológicas
“Durante a busca na literatura encontramos duas revisões sistemáticas sobre o tema, porém, em uma delas o artigo avaliava tanto trabalhos com seres humanos quanto com animais, e na segunda revisão, incluíram tratamento farmacológico. Não encontramos nenhuma revisão de literatura sobre os efeitos específicos do exercício físico apenas em seres humanos”, explica Ariane Petronilho, autora principal do artigo, a respeito da metodologia utilizada.
A amostra total contou com a análise de dados de 314 indivíduos diabéticos submetidos a treinamento resistido e aeróbico. O exercício físico melhorou a torção pico, o strain longitudinal global, a taxa de strain global, o tempo até a taxa de untwist pico, a taxa de enchimento diastólico precoce e a taxa de twist diastólico precoce pico.
“Os resultados ressaltam a necessidade de encararmos a prescrição de exercício físico como parte de nosso arsenal terapêutico, não só para controle metabólico desses indivíduos, mas como forma de prevenir e tratar complicações cardíacas”, diz Ariane.
A análise é a primeira revisão sobre os efeitos do exercícios na função ventricular esquerda na diabetes mellitus tipo 2 em seres humanos. Apesar do esclarecimento e importantes resultados, possui algumas limitações que abrem caminho para futuras investigações.
Ariane comenta que os protocolos de exercícios e as variáveis ecocardiográficas utilizados foram muito heterogêneos entre os estudos.
“Com a utilização de protocolos de exercícios mais homogêneos e que garantam a realização dos exercícios de maneira adequada pelos indivíduos estudados podemos ter maiores resultados. Além disso, a utilização de definições mais precisas para disfunção cardíaca, principalmente diastólica, podem contribuir para achados mais robustos”, diz Ariane.