Exageros durante as festas de final de ano e férias aumentam os riscos de uma parada cardiovascular
06/01/2020, 04:51 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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A Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC – alerta sobre os riscos das doenças cardiovasculares, responsáveis, anualmente, por mais de 30% das mortes no Brasil, 400 mil óbitos, segundo o Cardiômetro. “Apesar dos avanços obtidos na prevenção e no tratamento dessas enfermidades, ainda temos muito que evoluir na assistência e prevenção”, lembra o presidente da SBC, Marcelo Queiroga.
O que aconteceu no Reveillon com o cantor sertanejo Juliano Cezar, que teve morte súbita durante um show, é um exemplo emblemático. “O aumento da mortalidade cardiovascular no verão tem sido motivo de preocupação, pois nessa estação as pessoas se excedem em hábitos arriscados que aumentam o risco de um ataque cardíaco, como já constatado em diversos estudos internacionais, com excessos na alimentação e práticas de exercícios físicos não habituais com esforço e sobrecarga para o sistema cardiovascular”, destaca Queiroga.
O número de vidas perdidas por parada cardiorrespiratória é enorme, inclusive nos hospitais brasileiros, apesar de poucos estudos a respeito no país que poderiam constatar um quadro ainda mais grave. Segundo dados da SBC, são 720 eventos por dia no Brasil e a chegada num pronto socorro é uma verdadeira corrida entre a vida e a morte. “A cada minuto sem atendimento, uma pessoa com parada cardíaca perde 10% de chance de sobreviver. Precisamos investir em treinamento profissional e da população. Assim como existem pessoas treinadas para uma situação de incêndio, elas também precisam saber como realizar as primeiras manobras até a chegada do atendimento especializado”, defendeu o coordenador do Comitê de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC, Sérgio Timerman.
Os cursos de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC - TECA - foram desenvolvidos em três modalidades, o TECA A, de ‘Avançado’, para médicos e enfermeiros e o TECA B, de ‘Básico’, que pode ser feito pelos demais profissionais da área da saúde e TECA L para ‘Leigos’, ou seja, qualquer cidadão. “Esperamos que seja possível ter nos escritórios, restaurantes, nos shoppings centers, estádios e locais de shows, pessoas treinadas a fazerem o atendimento inicial e a manterem a vida nos minutos cruciais que são necessários para que a equipe especializada chegue”, defende Sérgio Timerman.
Os cursos TECA têm a chancela da Organização Nacional de Acreditação – ONA – entidade não governamental e sem fins lucrativos, fundada em 1999, que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil com foco na segurança do paciente. “Vamos intensificar as ações para promoção da saúde cardiovascular e ampliar o treinamento em emergências cardiovasculares. É necessário o inconformismo com situações como essa da virada do Ano Novo para revertermos tragédias cotidianas”, completou o presidente da SBC.
Parcerias
Em dezembro passado, representantes do Exército Brasileiro, General Archias Alves de Almeida Neto e Coronel Médico Roberto Bentes Batista, estiveram na sede da SBC em São Paulo/SP. No encontro foi discutida uma futura parceria para aplicação dos cursos TECA A e B no treinamento do contingente dos profissionais da saúde do Exército em todo o Brasil. Já em setembro também passado, o presidente da SBC, Marcelo Queiroga, e o editor-chefe da ABC Cardiol, revista científica da entidade, Carlos Eduardo Rochitte, foram recebidos em audiência no Quartel General do Exército Brasileiro, em Brasília/DF, onde foram discutidas as parcerias estratégicas para os treinamentos em emergências cardiovasculares.