Confira o estudo aponta melhora funcional de 22% em pacientes com IC após manejo do estresse
Confira o estudo aponta melhora funcional de 22% em pacientes com IC após manejo do estresse

21/11/2023, 12:33 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Programa que inclui filosofia védica, atenção plena e mecanismos de enfrentamento, integra dez projetos brasileiros selecionados por iniciativa suíça

As complexas interações entre estresse e doenças cardiovasculares são pauta de diversas pesquisas científicas. Um expoente nesse campo é o estudo INTERHEART, realizado com uma amostra de cerca de 30 mil indivíduos distribuídos em 52 países, cujo braço latino-americano mostrou que a associação do estresse psicossocial aumenta em até três vezes o risco de infarto.

Segundo a pesquisadora Vaisnava Nogueira Cavalcante, que acaba de publicar um recorte de sua dissertação sobre o tema na ABC Cardiol, no contexto brasileiro, a ampliação de risco de infarto devido ao estresse pode ser ainda mais expressiva - em uma razão de oito vezes.

O artigo Impacto de um Programa de Redução do Estresse, Meditação e Mindfulness em Pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica: Um Ensaio Clínico Randomizado detalha as possibilidades de abordagem do estresse, incluindo os transtornos emocionais associados à insuficiência cardíaca.

“Sabemos que a insuficiência cardíaca, por si só, gera um desequilíbrio dos sistemas neuro-hormonal e nervoso autônomo, além de causar um estado inflamatório crônico, o que contribui para a progressão da doença. Em casos de estresse crônico, temos a sobreposição desses fatores levando a um maior risco cardiovascular”, diz Vaisnava.

Além do INTERHEART, Vaisnava cita pesquisas de Alan Rozanski, apresentadas a ela pelo ex-presidente do Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC, Evandro Tinoco Mesquita, e de Howard Resnick, PhD, como inspirações para desenvolvimento metodológico do P.R.E.M.A. (acrônimo do programa).

Projetos efetivos

Ela conta que ao perceber, ainda na residência médica, a influência do estresse psicossocial junto à falta de treinamento sobre como ajudar os pacientes a diminuí-lo foram motivos para que buscasse estudar o assunto em residência eletiva na Universidade Case Western em Cleveland, nos Estados Unidos.

Após a implementação do programa, as análises concluíram melhora em diversos marcadores que integram o estudo. A investigação apontou que programas gerenciados de redução de estresse podem ser efetivos, fato representado pelos dados de redução de 38% do estresse percebido, além das melhorias de 40% na qualidade de vida, 36% na qualidade de sono e 10% na atenção plena.

“O que mais me chamou a atenção, e, inclusive, foi uma surpresa quando apresentei o trabalho no Congresso Brasileiro de Cardiologia, foi a melhora na capacidade funcional, com elevação de 22%. Os pacientes que participaram do programa ganharam, em média, 70 metros no teste de seis minutos de caminhada, com piora de tal desfecho no grupo controle”, afirma ela.

Baseado no tripé entre mecanismos de enfrentamento (coping), atenção plena e propósito de vida (na filosofia védica, dharma), o P.R.E.M.A. durou oito semanas e abordou o estresse, a mente, a resiliência, a autorregulação emocional, a aceitação, a autoeficácia, a gratidão, a conexão social e o propósito.

Além disso, foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais de psicopedagogia, psicologia, enfermagem, fisioterapia, nutrição, além de profissionais de estatística e especialistas laboratoriais.

As intervenções baseadas em autoconsciência, ressalta Vaisnava, podem levar a até 30% de efeitos adversos em estudos observacionais, o que é reduzido nos estudos experimentais. Por isso, o cuidado com o estudo precisa ser redobrado, incluindo ações de monitoramento. Ela diz que a colaboração entre esses profissionais foi essencial para monitorizar os pacientes de perto e garantir o sucesso da intervenção.

“Supervisionamos o grupo de pacientes por ligações telefônicas. Com esse cuidado próximo, não tivemos muitos efeitos adversos”, diz ela.

Pela inovação, a iniciativa foi selecionada entre os dez projetos integrantes da Academia Industry Training, com promoção da Swissnex em colaboração com a Universidade de St. Gallen, na Suíça, com CNPq e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Visando futuras pesquisas, a cardiologista está digitalizando o programa de intervenção, para torná-lo acessível a pacientes em locais remotos. Ela também destaca a necessidade de ampliar o número de participantes da amostra e de estender a duração das ações para alcançar resultados mais significativos em relação a outras variáveis.

“A distância dos pacientes em relação a um dos centros médicos foi um fator limitante, resultando em perda da amostra. Isso serviu para nos mostrar que o modo de viabilizar o acesso e a adesão nesses casos é por meio da digitalização. Por isso, estamos desenvolvendo um aplicativo, que ainda será testado e validado em pesquisas futuras”, finaliza.

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