“Envelhecer é perder reserva orgânica”
“Envelhecer é perder reserva orgânica”

14/09/2023, 14:57 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Roberto Dischinger Miranda, cardiologista especializado também

em geriatria, marca presença no 78º Congresso de Cardiologia Brasileira

e mostra estudo de caso

Com o envelhecimento acelerado da população mundial, especialidades voltadas para pessoas idosas vêm sendo destaques nos estudos e investigações científicas. A área de cardiogeriatria marca presença na programação e nos temas livres do 78º CBC.

O processo de envelhecimento deve ser visto do ponto de vista hormonal, fisiológico, funcional e cognitivo. As características funcionais do indivíduo, como o conjunto de suas capacidades físicas e mentais, devem direcionar o raciocínio com relação ao tipo de tratamento de doenças cardiológicas e não cardiológicas.

“O que caracteriza a cardiologia geriátrica é a tentativa de enxergar o quadro global da pessoa, enfrentando doenças cardiológicas e não cardiológicas no mesmo contexto, no mesmo indivíduo”, explica Roberto Dischinger Miranda, cardiologista especializado em geriatria.

Praticamente todas as patologias da cardiologia, como insuficiência cardíaca, hipertensão, doença coronária, arritmias, possuem características peculiares em idosos.

“Se a gente pudesse resumir tudo em uma única frase, a gente poderia dizer que envelhecer é perder reserva orgânica”, diz Roberto. Ele explica que o máximo da capacidade da maioria dos órgãos e sistemas do corpo humano é atingido na fase jovem adulta, por volta de 25 a 30 anos.

Estilo de vida

O pico de massa óssea, funções muscular, cardiopulmonar, renal e companhia limitada é atingido, normalmente, na idade adulta. Depois disso, acontece uma queda progressiva, porém, em geral, não perceptível.

“As alterações do envelhecimento comprometem o sistema cardiovascular. Então há modificações no músculo cardíaco, nas paredes dos vasos, nas válvulas cardíacas, com uma propensão maior a determinadas doenças”, diz o cardiologista.

Ele traz como exemplo a hipertensão arterial. Com o passar dos anos, a estrutura das artérias sofre diversas alterações como o aumento do colágeno, a redução de elastinas e o desarranjo de fibras musculares. Esse enrijecimento arterial aumenta a probabilidade de, por exemplo, hipertensão arterial. Por outro lado, a hipertensão acelera esse processo de enrijecimento arterial.

Mas não é só o tempo que influencia condições cardiológicas, como é no caso da pressão alta. Fatores como o cigarro, o uso abusivo de sal, a obesidade, o sedentarismo, uma dieta inadequada e mal balanceada também podem influenciar.

“Uma característica muito forte da cardiogeriatria é apresentar as doenças, patologias e esses desafios do dia a dia por meio de casos clínicos”, diz Roberto.

Cardiogeriatria no 78º Congresso Brasileiro de Cardiologia

Ele apresenta um caso clínico de um paciente com demência avançada que sofre um AVC abordando o quanto as comorbidades vão impactar no tratamento cardiovascular desse indivíduo já em idade avançada.

“O meu desafio vai ser apresentar quais seriam as vantagens e as desvantagens de anticoagular esse indivíduo. Até quando a gente deve anticoagular?”, diz ele.

A apresentação integra o painel Casos desafiadores em cardiogeriatria I, em atividade especial do Departamento de Cardiogeriatria (DECAGE), no auditório 12, no dia 28 de setembro, às 9h.

O programa Envelhecimento Cardiovascular Saudável, do DECAGE, também marca presença no 78º CBC na Área de Pôsteres. Três posters digitais, apresentados por Dinaldo Cavalcanti de Oliveira e Mariano Duarte, que debatem a intervenção coronariana percutânea primária, idosos com síndrome coronariana crônica e os efeitos da vitamina B3 poderão ser conferidos.

Roberto também participa da mesa redonda Respostas rápidas para temas relevantes em cardiogeriatria, no auditório 12, às 10h40 do dia 30 de setembro. Nesta mesa, ele discute o uso dos inibidores da SGLT2, medicamentos que, inicialmente, eram antidiabéticos e se mostraram benéficos para a insuficiência cardíaca. O objetivo será indicar quando os inibidores da SGLT2 em idosos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP).

Confira a programação completa do Congresso.

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