Ensaio compara efeitos de treinamentos musculares inspiratórios em pacientes submetidos à cirurgia
10/04/2023, 14:25 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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A cirurgia de revascularização do miocárdio. Os resultados
mostram a diferença entre o treinamento muscular inspiratório
convencional e o baseado no limiar anaeróbico
A cirurgia de revascularização do miocárdio é uma das mais frequentes ao redor dos hospitais do Brasil. No Sistema Único de Saúde, representam 77% do total de cirurgias efetuadas. O procedimento está associado a um declínio na força muscular ventilatória e na função pulmonar do paciente.
Para minimizar tais impactos, o treinamento muscular inspiratório baseado no limiar anaeróbico tem sido recomendado, porém, seus resultados a longo prazo ainda são desconhecidos.
A pesquisa Ventilatory Muscle Strength Six Months After Coronary Artery Bypass Grafting in Patients Submitted to Inspiratory Muscular Training Based on Anaerobioc Threshold: A Clinical Trial, publicada no International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), buscou investigar os efeitos dessa recomendação.
“Na minha tese de doutorado conseguimos demonstrar que o treinamento muscular baseado no limiar de anaerobiose foi superior ao treinamento muscular de forma convencional”, explica André Luiz Cordeiro, fisioterapeuta, docente do Centro Universitário Nobre de Feira de Santana (Unifan) e principal autor do artigo.
Na atual pesquisa, o objetivo foi acompanhar se houve uma melhora na força muscular inspiratória e na função pulmonar desses pacientes mesmo seis meses após a cirurgia.
Todos os participantes foram recrutados no Instituto Nobre de Cardiologia (Incardio). Eles foram divididos em dois grupos. Um grupo foi submetido ao treinamento muscular inspiratório baseado no limiar anaeróbico e o outro passou por um treinamento muscular inspiratório convencional, com carga de 40% da pressão inspiratória máxima.
Os dois grupos foram treinados durante a internação desde depois da cirurgia até o dia da alta, avaliados no momento da alta e novamente seis meses depois.
“Com base no estudo prévio entendemos que o treinamento muscular baseado no limiar tem um impacto superior nesse perfil de paciente, dentro do hospital, e após seis meses também”, diz André.
A pressão inspiratória máxima e a capacidade vital foram maiores no grupo que passou pelo treinamento muscular a partir do limiar glicêmico.
“Na avaliação após seis meses de alta, vimos novamente que os dois grupos possuem uma tendência de reaver a força muscular, mas o grupo que realizou o tratamento com base no limiar ainda permanecia com um ganho superior comparado ao convencional”, ressalta André.
Ele destaca possibilidades para uma futura pesquisa, investigando ainda outros fatores: “Ver os resultados com um aumento no tempo de exposição ao treinamento muscular, para depois da alta, é importante, assim como verificar qual o impacto dessa melhora da força muscular sobre capacidade emocional, qualidade de vida e outros fatores da vida desses pacientes”.