Em parceria com a SBC, profissionais lançam documento sobre a saúde cardiovascular das mulheres
29/11/2022, 15:40 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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O posicionamento é uma das iniciativas que têm como objetivo levantar dados sobre a questão da saúde cardiovascular feminina no país
Um documento que tem como objetivo a prevenção primária de doenças cardiovasculares nas mulheres acaba de ser lançado. Trata-se do Posicionamento sobre a Saúde Cardiovascular nas Mulheres, divulgado na última edição do ABC Cardiol, revista nacional da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
A publicação é uma das consequências do documento Carta das Mulheres, que levanta 11 metas a serem seguidas para melhorar a questão da saúde cardiovascular das mulheres e orientar profissionais sobre o assunto. A iniciativa tem origem em um movimento que se iniciou em 2019, no Simpósio das Mulheres em João Pessoa.
“Chegamos à conclusão de que conhecemos muito pouco sobre a saúde cardiovascular das mulheres. Não existia um documento que abordasse a questão em diferentes etapas de sua vida”, afirma Gláucia Moraes de Oliveira, uma das autoras do posicionamento.
Desde então, diferentes ações de conscientização foram tomadas. Uma delas foi a publicação do presente artigo, que levanta dados relevantes sobre a saúde da população feminina no Brasil. Nas mulheres brasileiras, as doenças cardiovasculares matam mais do que todos os tipos de câncer somados.
Para Gláucia, o que o posicionamento traz de mais importante é a demonstração da necessidade de um cuidado específico voltado para as mulheres, em todos os estágios da sua vida: “cada etapa da vida das mulheres traz doenças e problemas específicos, diferente dos enfrentados pelos homens”, ressalta a autora.
Além disso, ela ressalta a importância de uma prevenção multifatorial, que passa pelo corpo, mente e espírito: “o posicionamento também fala sobre fatores de risco sub-reconhecidos nas mulheres que nos afetam de forma diferente do que nos homens, como ansiedade e depressão”.
Um outro aspecto considera os determinantes sociais, como nível socioeconômico, região e escolaridade. Cerca de metade da mortalidade por doenças cardiovasculares em mulheres antes dos 65 anos pode ser atribuída à pobreza e às desigualdades sociais.
“A mortalidade proporcional é maior nas mulheres do que nos homens e tem múltiplas causas, como a fibrilação atrial e o AVC”, diz Gláucia.
Além de levantar questões ainda pouco abordadas, o posicionamento chama atenção para a necessidade de realização de ainda mais estudos, investigações e posicionamentos específicos.
É fundamental promover iniciativas para aumentar o conhecimento sobre a importância da saúde cardiovascular ao longo da vida da mulher. Além disso, é necessário compreender melhor as disparidades locais na saúde cardiovascular dessa população para definir políticas públicas e assistência à saúde e promover a equidade de sexo na atenção à saúde brasileira.