Dia Nacional da Prevenção e Controle da Hipertensão Arterial - 26 de abril
24/04/2020, 08:21 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Soraia Quaranta Damião; Amanda Aparecida Araújo; Carla Janice Baister Lantieri; Giorgia Castilho Russo; Nathalia Bernardes; Katia de Angelis;
José Francisco Kerr Saraiva
Em 2013, foi implementado um plano global de ação, “Global action plan for the prevention and control of NCDs 2013-2020”, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Este busca reduzir a incidência da hipertensão por meio da implementação de políticas públicas para a população em geral. O objetivo é diminuir os fatores de risco comportamentais e então atingir a meta do plano de ação que busca a redução de 25% na prevalência global da pressão arterial. Para tanto, o plano prevê que pelo menos 50% das pessoas elegíveis devem receber terapia medicamentosa e aconselhamento para prevenir outros possíveis eventos cardiovasculares. No Brasil, a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu 22% no ano de 2012 em relação ao ano de 2000, segundo dados da OMS. Estratégias como a criação de programas de prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, pelo Ministério da Saúde, impactam nesses dados. Mesmo assim, as projeções da OMS para o ano de 2030 são de 9,2 milhões de mortes por doença cardíaca isquêmica e 8,5 milhões por acidente vascular encefálico. A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível, podendo ser classificada como primária ou secundária. Tem como característica ser silenciosa e é considerada um fator de risco para eventos cardiovasculares, como: Acidente Vascular Encefálico (AVE), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Doença Obstrutiva Periférica. Metade dos pacientes hipertensos desconhecem ser, e entre aqueles diagnosticados, somente um quarto desses possuem seus níveis pressóricos adequadamente controlados. Na grande maioria dos casos, a hipertensão arterial é de origem multifatorial, estando associada aos fatores de risco modificáveis e não modificáveis, os quais interferem no curso da doença. Alimentação inadequada, sedentarismo, uso de tabaco, consumo excessivo de álcool, estresse, glicemia elevada, colesterol e/ou triglicérides elevados, sobrepeso e obesidade são fatores de risco modificáveis. São reconhecidos como fatores não modificáveis para hipertensão arterial, sexo, idade, etnia e história familiar. Há uma associação direta entre envelhecimento e prevalência da doença.
A avaliação inicial do paciente inclui a confirmação do diagnóstico, a suspeita e identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cardiovascular. Faz-se necessário acompanhamento continuo do paciente por médicos e demais profissionais da saúde. A aferição da pressão arterial deverá ser realizada conforme orientações das diretrizes vigentes. Valores ≥ 140 mmHg para pressão arterial sistólica e/ou 90 mmHg para pressão arterial diastólica caracterizam pressão alta em maiores de 18 anos. Em crianças e adolescentes, serão considerados valores ≥ 120/80 mmHg ou PA iguais ou superiores ao percentil 95 para idade, sexo e percentil de estatura. A abordagem terapêutica inclui medidas não medicamentosas e medicamentosas, como o uso de fármacos anti-hipertensivos, a fim de reduzir a pressão arterial, proteger órgãos-alvo e prevenir complicações cardiovasculares e renais. O tratamento não farmacológico consiste na cessação do tabagismo, evitar o uso excessivo de álcool, alimentação saudável, atividade física regular e evitar o estresse. Quanto a alimentação saudável, é recomendando, evitar o consumo de produtos ultraprocessados; observar o rótulo dos alimentos; evitar aqueles com alto teor de sódio; procurar comer mais alimentos in natura; usar e abusar das ervas aromáticas e especiarias na cozinha e evitar temperos prontos. A prática de atividade física regular é recomendado pela OMS para prevenção de doenças, entre elas a hipertensão arterial, sendo no mínimo 150 minutos por semana para adultos e 300 minutos por semana para crianças e adolescentes. Para melhor adesão do comportamento ativo, busque atividades físicas que goste de fazer, como por exemplo: dançar, caminhar, correr, pular, arrumar a casa e/ou brincar com seu animal de estimação. Se já possui o diagnóstico de hipertensão, a prática da atividade física é importante no seu manejo, porém busque orientação de um profissional para prescrição. Para os hipertensos, o tratamento não medicamentoso deve ser sempre indicado. E, se necessário for, a prescrição médica de anti-hipertensivos será instituída para controle adequado dos níveis pressóricos. Medidas preventivas devem ser estimuladas, a aferição periódica dos níveis pressóricos propicia o diagnóstico precoce da doença, o controle da pressão arterial e dos fatores de risco associados, por meio da modificação do estilo de vida e/ou uso regular da terapia medicamentosa fazem parte do tratamento preconizado pelas Diretrizes de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Pacientes hipertensos fazem parte do grupo de risco para COVID-19. Todas as medidas de prevenção e controle da pressão arterial devem ser enfatizadas a este grupo, para que se evite complicações e pior prognóstico, que estão associados à maior chance de internação por descompensação clínica.