Dia Mundial sem Tabaco: a importância de campanhas de esclarecimento para avanços no controle do tabagismo no Brasil
31/05/2024, 13:30 • Atualizado em 31/05/2024, 13:30
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Apesar do sucesso do Brasil em políticas de controle do tabagismo convencional, há uma crescente preocupação entre os especialistas com a possibilidade de comprometimento desses avanços devido ao advento dos cigarros eletrônicos. Essa preocupação é fundamentada por estudos que mostram que os níveis de tabagismo aumentam quando somados o consumo de cigarros convencionais e os eletrônicos, especialmente entre a população mais jovem.
As políticas de controle do tabaco reduziram significativamente o consumo desde a década de 70 até os dias atuais. No entanto, nos últimos 5 anos, a exposição ao tabaco por meio de dispositivos eletrônicos tem ameaçado esses avanços no país.
A SBC, em um recente posicionamento, adotou uma postura de alerta em relação ao uso de dispositivos eletrônicos para fumar, elencando as 10 razões para manter a proibição dos DEFs e advertiu sobre os perigos do seu uso com base em um corpo de evidências científicas bastante significativo quanto aos malefícios desse “novo” hábito, especialmente entre jovens e adolescentes.
Além dos riscos diretos à saúde do coração, os cigarros eletrônicos têm funcionado como uma porta de entrada para o uso de produtos de tabaco em idades cada vez mais jovens. Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE) de 2019, apontam que ao menos 16% dos jovens entre 13 a 17 anos já experimentaram o cigarro eletrônico. O estudo Covitel 2023 corrobora esses dados, indicando que 25% jovens até 18 anos já experimentaram esses dispositivos.
"A veiculação do glamour sobre o uso desses DEFs é amplamente difundida nas mídias sociais, um canal com forte influência sobre o público jovem. O fato de o cigarro eletrônico ter foco nessa mesma faixa etária torna o controle muito mais difícil, pois a exposição a esse conteúdo é ilimitada. Ao contrário dos cigarros convencionais, que podem ser combatidos com a exposição dos seus efeitos negativos, como o cheiro desagradável, a alteração na coloração dos dentes e outros pontos que afetavam a autoestima, os VAPES não apresentam essas características. A ausência de cheiro e a presença de sabores atrativos mascaram os riscos, e o público jovem, muitas vezes, subestima as consequências graves do uso desses dispositivos." Afirma Aristóteles Alencar, Diretor da SBC-AM e Coordenador do Programa Estadual de Controle do Tabagismo no Amazonas.
A ANVISA mantém a proibição da comercialização, fabricação e publicidade dos DEFs no Brasil. A nova norma, mais rigorosa que a de 2009, também veda a produção, distribuição, armazenamento e transportes deles em território nacional.
Em atenção ao Dia Mundial de Combate ao Tabagismo e em consonância com campanha da OMS de 2024 sob o mote “Proteger as Crianças da Interferência da Indústria do Tabaco”, a SBC reforça a necessidade de intensificar campanhas educativas que esclareçam os riscos dos cigarros eletrônicos, além de apoiar a manutenção das regulamentações vigentes que proíbem a comercialização e propaganda desses produtos no Brasil. Conforme destaca Jaqueline Scholz, ,uma das autoras do posicionamento da SBC e representante da SBC Grupo de Especialista em tabaco da World Heart Federation: “Para alcançarmos um controle efetivo do tabagismo, é crucial investir em campanhas de esclarecimento para a população, como foi feito nas campanhas contra o cigarro convencional, e trabalhar fortemente no âmbito da fiscalização para coibir o comércio e aplicar a legislação vigente”.
A SBC ressalta a importância de um monitoramento contínuo e de pesquisas adicionais para avaliar os impactos a longo prazo do uso de cigarros eletrônicos. A entidade defende a colaboração entre diversos setores da saúde, incluindo órgãos reguladores, pesquisadores e profissionais de saúde, para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e controle do uso desses dispositivos.
Acesse o posicionamento da SBC.