Depressão e doença cardiovascular em mulheres
30/06/2022, 10:38 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Estudo será publicado na edição de julho/agosto da IJCS
A prevalência de depressão varia de 1 a 17% em diferentes regiões geográficas, e sua incidência é 70% maior nas mulheres do que nos homens. Hoje, a depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, afetando duas vezes mais mulheres da adolescência à idade adulta. Além desse início precoce, a depressão em mulheres tende a ser mais grave. Doenças cardiovasculares e depressão são doenças crônicas que têm grande impacto sobre morbidade e mortalidade cardiovascular e por todas as causas, com evidência de uma relação de mão dupla entre eles, em que a depressão é um preditor de doenças cardiovasculares e vice-versa.
Segundo o artigo que integra a edição de julho/agosto da revista International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), disponível a partir do dia 7/7, nas mulheres, o grau de doença e o prognóstico são mais graves quando ambas as doenças estão presentes do que quando diagnosticadas isoladamente. Em pacientes com doenças cardiovasculares agudas ou crônicas, especialmente em mulheres, um rastreamento sistemático para depressão deve ser considerado como uma estratégia preventiva de doenças cardiovasculares, visando reduzir o risco de eventos futuros. Ainda não existem estudos clínicos desenhados para avaliar o impacto do tratamento antidepressivo sobre os desfechos cardiovasculares no sexo feminino.
O risco de doenças cardiovasculares em mulheres com um diagnóstico de depressão ao longo da vida é de 30-50% maior do que em homens, especialmente entre os jovens. Estudos indicam que alterações hormonais, como a transição menopausal, têm sido associadas com maior risco para o primeiro episódio depressivo. Além disso, a depressão em mulheres na perimenopausa foi associada a uma maior frequência de uma história de transtorno de humor.
Até agora, as evidências científicas indicaram a presença de biomarcadores comuns entre depressão e doenças cardiovasculares, que determinam um pior prognóstico para pacientes com ambas as condições, especialmente entre as mulheres. Considerando que a depressão é mais prevalente em mulheres e que mulheres deprimidas são mais propensas a ter problemas cardiovasculares, fatores de risco e formas mais graves de DCVs do que os homens, um rastreamento sistemático para depressão e seu adequado tratamento em mulheres com suspeita ou confirmação de DCVs é garantido. Além disso, ensaios clínicos randomizados para investigar o impacto do tratamento da depressão nos desfechos cardiovasculares em homens e mulheres com DCVs são urgentemente necessários.
O artigo on-line já foi citado pela recente Diretriz da Sociedade Interamericana de Cardiologia (SIAC) de doenças cardiovasculares em mulheres, que recomendou a avaliação de rastreamento de depressão em todas mulheres com sintomas cardiológicos.
Leia o artigo na íntegra na revista IJCS, edição de julho/agosto de 2022. Acesse: https://ijcscardiol.org/article/depression-and-cardiovascular-disease-in-women/