Como o exercício intenso e contínuo em atletas do sexo feminino afeta o remodelamento miocárdico?
13/06/2023, 12:34 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Artigo analisa mecanismos de adaptação do coração em atletas de elite
Quais são os mecanismos de adaptação cardíaca em atletas do sexo feminino? A pergunta faz parte da hipótese levantada pelo estudo Heart Adaptation Mechanisms in Elite Female Athletes: Comparison With Healthy Individuals and Time of Training, publicado na ABC Imagem Cardiovascular, publicação do Departamento de Imagem Cardiovascular (DIC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O artigo faz parte de uma análise mais ampla que visa verificar as modificações do miocárdio pelo treinamento prolongado, desenvolvida pelo cardiologista José Maria del Castillo, diretor dos cursos de Ecocardiografia e Professor na Escola de Ecografia de Pernambuco (ECOPE).
“Este estudo envolve futebolistas da seleção feminina, das categorias sub-17, sub-20 e seleção principal. Foi coordenado pelo então médico da seleção, doutor Nemi Sabeh Jr, durante as concentrações da seleção no Rio de Janeiro”, explica Castillo, principal autor do artigo.
Um grupo de profissionais esteve envolvido na análise. Os exames necessários foram realizados pelo doutor Thiago Boschilla enquanto Castillo esteve à frente da coordenação científica do trabalho, analisando todos os exames, preparando tabelas e realizando as estatísticas.
A escolha dos times de atletas se deu pela oportunidade de avaliar um grande grupo com um nível de treinamento semelhante e controlado de uma vez só. Castillo comenta que foram realizadas 3 ou 4 sessões de exame. Para fechar o grupo em 140 pessoas analisadas, o cardiologista e pesquisador ainda incluiu várias atletas de dois clubes da cidade de Recife.
“O estudo maior teve início em 2019. Seus primeiros resultados, sobre modificações da mecânica ventricular, foram apresentados o EuroEco deste ano. Com a pandemia foi preciso interromper os estudos de acompanhamento e controle que estavam programados”, explica Castillo.
Ele comenta que um dos principais achados do estudo é que ele mostra que o remodelamento miocárdio no sexo feminino é muito menos intenso do que no sexo masculino, ou seja, ocorre uma adaptação que não foge dos limites da normalidade.
“O coração vai sofrendo adaptação gradativa, aumentando sua reserva contrátil, verificado pela diminuição gradativa da torção apical. Também verificamos o remodelamento das câmaras direitas”, comenta Castillo.
O estudo ainda levanta importantes questões e responde perguntas a respeito do remodelamento miocárdico em atletas de maior e menor tempo de treinamento e mulheres sedentárias, já que as análises comparam dados dos três grupos.
Novas análises e investigações são esperadas pelo grupo, já que o estudo permanece em andamento. Uma das próximas publicações deve verificar a resposta ao exercício realizado em esteira ergométrica.