Cardiologistas debateram possibilidades e perspectivas da telemedicina
Cardiologistas debateram possibilidades e perspectivas da telemedicina

23/10/2020, 08:09 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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SBC foi uma das entidades convidadas do

Global Summit Telemedicine & Digital Health

O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, e a coordenadora de Acompanhamento da Gestão e Controle Interno, Gláucia Moraes, participaram da edição deste ano do Global Summit Telemedicine & Digital Health, entre os dias 13 e 16 de outubro.

Queiroga foi um dos convidados do talk show “O futuro da telemedicina no Brasil”, ao lado do professor da Universidade de São Paulo (USP) Chao Lung Wen; do primeiro secretário e coordenador da Câmara Técnica de Informática em Saúde do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aldemir Humberto Soares; e da deputada federal Adriana Ventura. A mediação foi feita pelo presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jose Luiz Gomes do Amaral.

A telemedicina é uma forma diferente de fazer a medicina, mas cumpre o mesmo propósito, sobretudo ao se analisar um país como o Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes e inúmeras desigualdades estruturais. Para o presidente da SBC, trata-se de oportunidade de melhorar a saúde em todos os níveis de atenção, garantindo seu status de direito social.

“Ano passado a SBC desenvolveu uma diretriz de telemedicina com o objetivo de deixar o negacionismo de lado e encontrar evidências sólidas dessa modalidade de atendimento na cardiologia. Não temos na cardiologia nenhuma evidência de nível A, apenas fatos baseados no que dizem especialistas. É fundamental que as sociedades médicas busquem onde há evidencias da aplicabilidade de ferramentas de tecnologia e comunicação”, destacou Queiroga.

De acordo com ele, faltam iniciativas do Ministério da Saúde que visem avaliar as inovações que podem ser incorporadas nos atendimentos médicos, assim como definir políticas públicas direcionadas para tal. A elaboração de diretrizes não compete apenas às sociedades médicas, e sim ao próprio Ministério, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único De Saúde (Conitec). “Cumpramos os dispositivos que estão na Constituição para o acesso da população à saúde. Precisamos definir de maneira clara os códigos de teleconsulta, diagnóstico e monitoramento. Os médicos têm direito à autonomia, e não devem ser obrigados a trabalhar com plataformas.”

Em sua exposição, Queiroga também mencionou a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD, em vigor desde o dia 18 de setembro, como sendo bem-vinda, uma vez que irá disciplinar e impor sanções éticas do ponto de vista cívico e criminal aos transgressores dessas regras. Resta aos profissionais de saúde se adaptarem à legislação, que assegura a privacidade das pessoas, e principalmente que os pacientes tenham seus dados guardados com segurança e confidencialidade conforme o exercício da medicina requer.

TELEMEDICINA NA CARDIOLOGIA

Gláucia compôs o debate sobre o uso da telemedicina em especialidades médicas. Um painel dedicado teve ainda apresentações do diretor da Sinapse, Daniel Santos; do médico-referência do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein Carlos Pedrotti; e do CEO da NeoMed, Gustavo Kuster. A moderação foi do diretor da 12ª Distrital da Associação Paulista de Medicina (APM), Luís Eduardo Andreossi.

Reforçando a apresentação de Queiroga, para ela a saúde digital modifica a vida das pessoas e, claramente, está ligada à atenção primária; porém, em relação à cardiologia, ainda não há muitas evidências bem estabelecidas.

“As doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo, mais que qualquer outra. Isso está mudando, mas sua prevalência não. E de fato precisamos da telemedicina para nos ajudar”, disse Gláucia ao mencionar o Estatística Cardiovascular Brasil: 2020, uma plataforma on-line desenvolvida pela SBC com milhares de dados relativos às doenças cardiovasculares e seu impacto no país. A base agrupa informações, números e pesquisas sobre o tema entre os anos de 1990 e 2017.

Além disso, a coordenadora falou a respeito da parceria entre a SBC e a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil), que se uniram para disponibilizar no Portal da Transparência um novo módulo com os números de óbitos por doenças cardiovasculares desde o início da pandemia.

“É um projeto de inteligência artificial, em que acessamos os documentos de óbitos e observamos o que acontece com a morte durante a pandemia da Covid-19. Chama atenção que, se compararmos 2019 com 2020, as mortes por infarto e pelas doenças cardiovasculares específicas diminuíram muito nas diversas regiões. Por outro lado, houve um grande número de mortes por causas inespecíficas em domicílio”, explicou Gláucia.

A SBC segue trabalhando para melhorar a acessibilidade e a custo-efetividade com aprimoramento de desfecho dos atendimentos. A saúde digital é um direito de todos e um dever do Estado, sendo assim, na visão de Gláucia é imprescindível levá-la a todos os pacientes, especialmente na cardiologia – sua área de atuação.

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