Cardio-oncologia é tema de simpósio internacional
18/09/2020, 19:44 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Mais de mil especialistas participam de evento virtual organizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia em parceria com
a American College of Cardiology
O 1º Cardio-Oncology International Virtual Symposium 2020 contou com a participação de mais de 2 mil pessoas de 35 países diferentes. Realizado durante todo o sábado, dia 12 de setembro, o evento apresentou os avanços em pesquisas mundiais sobre o tema, em especial no Brasil e nos Estados Unidos, países que lideram essa comunidade científica. Os diferentes estudos apresentados e discutidos por 33 profissionais, entre eles 10 norte-americanos, foram reunidos em 12 sessões que abordaram temas como a COVID-19 e a cardio-oncologia; Avanços da ecocardiografia na disfunção cardíaca relacionada à terapia do câncer; intervenção coronariana em pacientes com câncer e imagem avançada em cardio-oncologia. Além disso, a sessão sobre pesquisas em andamento no Brasil apresentou quatro estudos diferentes, todos liderados por cardiologistas mulheres.
“O que é a cardio-oncologia?” foi justamente a palestra de abertura do evento, proferida pela editora-chefe da publicação científica JACC: CardioOncology, Dra. Bonnie Ky. Professora e pesquisadora de Medicina e Epidemiologia na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, ela também dirige o Penn Center for Quantitative Echocardiography e é uma das referências mundiais no assunto.
“As doenças cardiovasculares e o câncer têm alta prevalência na população. São as principais causas de mortalidade em todo o mundo, e sabemos que há sobreposição significativa entre os fatores de risco cardiovascular, doenças cardiovasculares e o câncer”, afirmou a médica, que apresentou dados de estudos de diversos países que trazem essa afirmativa, realizados com diferentes tipos de pacientes, incluindo os pediátricos.
Segundo ela, essa correlação está sendo amplamente investigada no Brasil e nos Estados Unidos. “Mas, para avançarmos nesse campo e ajudarmos a determinar qual é o impacto cardiovascular do câncer e como devemos tratar esses pacientes, proponho dividir nossa estratégia em pesquisas globais.”
“Depois de seis meses de doença, sabemos que não há benefícios da associação dessas drogas para o tratamento da Covid-19”, completou ela, que durante sua apresentação lamentou o fato de os Estados Unidos e o Brasil estarem entre os três países mais afetados pela doença, que naquela data já havia atingido a marca de 13 milhões de infectados no mundo.
Diretriz brasileira de cardio-oncologia – Um dos destaques do dia foi o lançamento da nova diretriz brasileira de cardio-oncologia, em substituição ao guideline anterior, de 2011. De acordo com o Presidente da SBC e organizador do Simpósio, Marcelo Queiroga, desde a década de 1990 a Sociedade se especializou em editar diretrizes sobre os diversos temas do conhecimento na especialidade. Por ser responsável por muitos óbitos, o câncer está nessa fronteira do conhecimento.
“Houve grande avanço nas terapias oncológicas nos últimos anos, que entretanto podem ter consequências para o sistema cardiovascular. A cardiotoxicidade é uma delas, por isso discutimos a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dessas toxidades”, explicando que o simpósio transmitiu o melhor da evidência científica na cardiologia e na oncologia. “Os conhecimentos aqui transmitidos serão muito úteis para a prática clínica de todos que acompanharam essa intensa jornada de educação médica continuada”, completou.
A nova diretriz relaciona quais são as principais drogas e tratamentos quimioterápicos que podem causar agressão ao coração, citando, por exemplo, casos de imunoterapia que levam a miocardite e disfunção ventricular. A atualização também enfatiza como o diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares em pacientes que sobreviveram ao câncer pode evitar complicações.
Nas considerações finais, o norte-americano Richard Kovacs, ex-Presidente do American College of Cardiology (ACC) e professor de Cardiologia na Indiana University, apareceu com a camisa da seleção brasileira de futebol e parabenizou a SBC e a ACC pelo simpósio. Ele enfatizou a proximidade de relacionamento entre as duas associações, revelando que a camiseta se tratava de um souvenir de uma viagem ao Brasil. Dr. Kovacs também desafiou todos os cardio-oncologistas a se movimentarem a fim de identificar toxicidades dos tratamentos oncológicos para o coração de modo a preveni-las o quanto antes. “Estou muito animado com o que está acontecendo com o aproveitamento de nossas unidades de inteligência artificial do ambiente digital”, completou.
O evento teve cobertura em tempo real no tweeter do American College of Cardiology gerando grande interesse em toda comunidade científica interessada na área.