Artigo analisa impacto da Covid-19 sobre cardiologistas e cirurgiões cardiovasculares brasileiros
Artigo analisa impacto da Covid-19 sobre cardiologistas e cirurgiões cardiovasculares brasileiros

17/11/2021, 11:17 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Pesquisa liderada pela Diretoria de Qualidade Assistencial da SBC demonstra o impacto negativo da pandemia no trabalho, renda, saúde e estilo de vida dos profissionais

A edição mais recente dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia (ABC Cardiol), publicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), traz artigo que analisa o impacto da Covid-19 na vida do cardiologista e cirurgião cardiovascular no Brasil. O estudo foi realizado no auge da pandemia, através de um questionário online enviado aos cardiologistas e cirurgiões de todo o território nacional. Este projeto teve a chancela da Diretoria de Qualidade Assistencial da SBC, sendo liderado pelos cardiologistas André Almeida, Marcelo Tavares Melo e Silvio Henrique Barberato – diretor de Qualidade Assistencial da SBC.

A pesquisa atestou que a crise do novo coronavírus impactou significativamente os serviços de cardiologia. O número de consultas, exames e intervenções cardiológicas diminuiu em várias partes do mundo nos últimos meses. Porém, apesar da pressão crescente e da carga sobre o sistema de saúde, a oferta de serviços em cardiologia não foi interrompida, já que doença cardiovascular preexistente coloca os pacientes sob maior risco de infecção, complicações e a manifestações cardíacas primárias da Covid-19.

Os autores ressaltaram que os efeitos da Covid-19 afetam a sociedade em geral e os profissionais de saúde em particular, a saber: impacto na saúde física e mental, perturbações financeiras e alterações na qualidade de vida. Sendo assim, a pandemia causou verdadeira ruptura em diversos aspectos da prática profissional e da vida de médicos e demais profissionais de saúde. Logo, era necessário um estudo para avaliar o impacto causado pela pandemia na vida dos cardiologistas e cirurgiões cardiovasculares brasileiros, considerando questões ligadas à atividade profissional, renda, saúde e estilo de vida.

Um total de 1.224 cardiologistas acessaram o questionário. Destes, dois recusaram a participação e 1.222 responderam, representando 9,4% dos cardiologistas adimplentes na SBC, 58,2% do sexo masculino.

Houve um aumento de 37,5% no número de cardiologistas que passaram a trabalhar em três ou mais plantões por semana durante a pandemia. Por outro lado, 64% reduziram a carga horária no consultório; 22% cancelaram aluguel de sala de consultório; 18% precisaram demitir funcionários e 9% cancelaram investimentos em marketing. Como reflexo da redução do retorno financeiro nesse período, 15% dos cardiologistas deixaram de pagar entidades de classe.

As consultas por videoconferência no âmbito da telemedicina foram autorizadas recentemente no Brasil. Na pesquisa em questão, 30% dos entrevistados as realizaram, porém, apenas 36% foram reembolsados integralmente pelo serviço. Antes da pandemia, 48,8% das mulheres ganhavam mais de R$ 20 mil ao mês e, durante a pandemia, houve uma redução de 63%, e apenas 18% continuaram com essa renda. Entre os homens a redução foi de 45%. Apenas 7,6% das mulheres e 1,8% dos homens ganhavam menos de R$ 10 mil por mês antes da pandemia, e esse número passou para 38,2% e 20,8%, respectivamente.

O estudo possui algumas limitações inerentes aos estudos transversais baseados em resposta a um questionário. O número de respondentes representa pouco menos de 10% do número de cardiologistas associados à SBC. A distribuição geográfica dos participantes difere da dos sócios da entidade. Outro ponto relevante é a impossibilidade de comprovar as respostas ou esclarecê-las; porém, apesar da incerteza da veracidade das respostas, a pesquisa foi coerente com outros dados publicados em âmbito nacional e internacional. Embora tenha encontrado algumas associações interessantes e com significância estatística, tais achados devem ser considerados meramente exploratórios, não podendo desconsiderar a possibilidade de achados falso-positivos pela quantidade de testes de hipóteses realizados.

Acesse o artigo “Impacto da Covid-19 na vida do cardiologista e cirurgião cardiovascular brasileiros” na íntegra AQUI.

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