Saiba como de prever doenças cardíacas com uma simples avaliação
17/11/2023, 11:18 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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Recente pesquisa investiga o escore de cálcio coronariano como ferramenta para prever risco cardiovascular em indivíduos assintomáticos
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo e a melhor forma de evitar o seu desenvolvimento, assim como de suas complicações, é por meio da prevenção e do diagnóstico precoce.
No campo da avaliação diagnóstica, o Escore de Cálcio Coronariano (ECC) se tornou uma ferramenta importante ao longo dos últimos anos ao permitir identificar o risco de desenvolvimento de doenças em indivíduos assintomáticos. Apesar de existir há cerca de três décadas, recentemente o método tem ganhado atenção da cardiologia preventiva.
Com o objetivo de classificar o risco cardiovascular com base na idade arterial e avaliar o ECC de um grupo de pacientes, o estudo Determinação da Idade Vascular em Homens Através do Escore de Cálcio Coronariano e seu Impacto na Reestratificação do Risco Cardiovascular foi desenvolvido e publicado na ABC Cardiol, revista científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Para o estudo, foram selecionados 150 homens, todos da cidade de Veranópolis, no Rio Grande do Sul, recrutados de forma pouco comum na pesquisa científica, segundo Ismael Polli, autor do artigo.
“Os voluntários foram recrutados por meio de um anúncio na emissora de rádio do município. A cidade, com 24 mil habitantes, é conhecida pela longevidade da população e possui uma considerável tradição em pesquisa”, diz o cardiologista.
O objetivo inicial do estudo era avaliar o ECC entre consumidores habituais de vinho e os não consumidores. “Como o hábito de beber vinho regularmente é mais comum em homens no município, optou-se por selecionar apenas estes”, diz Ismael.
As análises foram feitas duas vezes, com um intervalo médio de 7,6 anos entre si. Ismael explica que o período confirmou uma evolução esperada no escore de cálcio coronariano, mas, mais importante, permitiu uma reestratificação do risco cardiovascular em comparação aos escores clínicos habitualmente utilizados: 29% dos indivíduos foram reclassificados para uma categoria de risco superior e 37% para uma categoria inferior.
Além disso, a classificação determinada pela idade arterial apresentou uma relação direta com o aumento do ECC, fato que não foi observado quando se utilizaram apenas os escores clínicos. Porém, Ismael destaca que a avaliação não é indicada para todos.
“É preciso enfatizar que para aqueles indivíduos que já têm um histórico cardiovascular, o ECC não é a melhor ferramenta a ser utilizada. Ele deve ser usado em adultos, especialmente após os 40 anos, sem histórico de infarto, sem doença aterosclerótica coronariana conhecida e que sejam assintomáticos”, ressalta o autor.
Ismael afirma que o tempo para a análise foi definido de forma aleatória por não existirem estudos que definam o período ideal entre as aferições. Por isso, definiu-se o prazo de acordo com o tempo necessário para a equipe dar continuidade ao estudo.
O autor afirma ainda que com maior ou menor tempo, dados mais realísticos poderiam ser identificados. Ele finaliza afirmando que são necessários mais estudos para definir um período mais preciso para a investigação.