A Ecocardiografia Transesofágica no diagnóstico da Síndrome de Veia Cava Superior
19/07/2023, 15:45 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30
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A condição tem sido cada vez mais comum em pacientes com dispositivos como cateteres, marcapassos e desfibriladores
O ecocardiograma, método diagnóstico mais importante da cardiologia moderna, surgiu por volta de 1950, a partir de um encontro casual entre dois estudantes de pós-graduação da Universidade de Lund, na Suécia.
Quase 100 anos depois, o exame é realizado diariamente em centenas de pacientes com o objetivo de analisar a saúde do coração. Em 2022, em Salvador, foi essencial para o diagnóstico e tratamento de um paciente de 52 anos, hipertenso, diabético, portador de doença arterial coronariana prévia e doença renal crônica dialítica.
A história foi relatada no artigo Transesophageal Echocardiogram in the Diagnosis of Superior Vena Cava Syndrome in a Patient With a Long-Term Catheter, divulgado na última edição da ABC Imaging, publicação do Departamento de Imagem Cardiovascular (DIC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A publicação trata de um relato de caso de um paciente do Hospital São Rafael - Rede D’or, em Salvador, internado em fevereiro de 2022 devido à endocardite fúngica para tratamento. Seis meses após o episódio, o paciente passou a apresentar sintomas que voltaram a ser investigados com o auxílio do exame de ecocardiograma transesofágico.
“O paciente evoluiu com novo quadro de febre e calafrios associado ao uso do cateter de diálise e mau funcionamento deste, além de rubor e edema facial, disfagia e dispneia”, diz Marcus Vinicius Freire de Carvalho, cardiologista e principal autor do estudo.
Ele conta ainda que o caso foi emblemático para o Hospital, que utilizou do exame semi-invasivo, rápido, sem uso de contraste, para rastrear um novo episódio de endocardite infecciosa e detectar a causa da Síndrome de Veia Cava Superior do paciente.
O relato descrito no artigo vai ao encontro de um cenário que tem sido explorado cada vez mais no meio acadêmico. “Estudos recentes demonstram que incidência da Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) relacionada a dispositivos tem aumentado devido ao uso cada vez mais frequente de cateteres, marcapassos e desfibriladores. Em um relato recente, 28% de todas as SVCS foram relacionadas a dispositivos”, afirma Marcus Vinicius..
O artigo mostra que a análise transesofágica, de fácil acesso, é essencial para investigar a incidência de SVCS relacionada a dispositivos, como cateteres venosos centrais e eletrodos de marcapasso ou desfibrilador.
“A análise transesofágica é um método rápido, seguro e tecnicamente preciso para avaliação da presença de trombos e/ou vegetações que podem, inclusive, estar relacionados a SVCS, como no caso descrito neste relato”, afirma Marcus Vinicius.