A cardiotoxicidade em pacientes oncológicos submetidos a  drogas antineoplásicas
A cardiotoxicidade em pacientes oncológicos submetidos a drogas antineoplásicas

29/05/2023, 16:14 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Revisão sistemática chama atenção para a necessidade de um modelo multimodal de reabilitação cardio-oncológica

Já é conhecido que o tratamento de câncer pode aumentar a susceptibilidade de doenças cardiovasculares no paciente, devido à cardiotoxicidade relacionadas às drogas antineoplásicas. O fator é um dos efeitos cardiovasculares mais temidos do tratamento. Porém, é possível ser evitado.

Um artigo de revisão sistemática a respeito do tema acaba de ser publicado na ABC Heart Failure & Cardiomyopathy, publicação do Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Trata-se do estudo Reabilitação Cardiovascular em Pacientes com Câncer.

O artigo mostra que o modelo multimodal de reabilitação cardio-oncológica é uma estratégia fundamental tanto para pacientes com alto risco cardiovascular, quanto para o desenvolvimento de cardiopatias secundárias ao tratamento oncológico, assim como aqueles que já possuem cardiopatia estabelecida.

“Nós abordamos a importância da prescrição de reabilitação em pacientes oncológicos, no sentido de proteção do coração e aumento de eficácia antitumoral”, explica Pedro Vellosa Schwartzmann, cardiologista e principal autor do artigo.

A revisão ressalta algumas etapas importantes prévias à prescrição de terapias potencialmente cardiotóxicas. Uma cuidadosa anamnese, exame físico, eletrocardiograma de repouso de 12 derivações e avaliação da função

ventricular esquerda pela ecocardiografia são citados.

“O sucesso, geralmente, do tratamento oncológico requer não só a potência da medicação, mas evitar possíveis efeitos colaterais, como a toxicidade. Essa parte da reabilitação cardiovascular está embasada no sentido de melhorar a qualidade de vida e manter o paciente em uso das medicações e controlar os fatores de risco cardiovasculares”, diz Pedro.

O estudo mostra a importância do monitoramento de sinais e sintomas de insuficiência cardíaca durante e após o tratamento oncológico. Apesar de rara, quando os sintomas se manifestam clinicamente e de forma precoce, podem culminar em quadros de miocardite aguda fulminante ou arritmias graves.

Após o término do tratamento, é essencial que se mantenha uma rotina de vigilância constante de uma possível insuficiência cardíaca, principalmente durante o primeiro ano.

Um ponto importante levantado pela revisão é também o da relação entre atividade física e câncer. Estudos prévios já mostram que o sedentarismo aumenta a chance de obesidade, de doença cardiovascular e também de câncer. Pedro ressalta que o câncer de intestino possui uma relação ainda mais direta com o sedentarismo.

“Também é muito bem documentado, especialmente no cenário de câncer de mama, que mulheres que fazem atividade física no pós quimioterapia ou durante a quimioterapia, aumentam a proteção do coração e aumentam a eficácia da terapia antitumoral”, ele ressalta.

De forma geral, a intervenção multidisciplinar mostra-se essencial na melhora da capacidade funcional, qualidade de vida e redução de desfechos cardiovasculares. O tratamento do paciente oncológico deve considerar, entre tantos outros fatores, o cuidado e prevenção de doenças cardiovasculares.

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