Inquérito sorológico: 39 bairros de Fortaleza terão testes de Covid-19
16/06/2020, 11:57 • Atualizado em 10/05/2021, 11:25
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Ceará é o estado brasileiro que mais apostou na testagem em massa como estratégia no enfrentamento ao novo coronavírus. Até ontem (31), conforme a última atualização da plataforma IntegraSus, 116.257 exames já haviam sido coletados. 53.151 ainda estavam em análise. Agora, uma nova estratégia sanitária será implementada: o inquérito sorológico, que permite um panorama mais concreto sobre o atual cenário de propagação do SARS-CoV-2. A medida vai acontecer em Fortaleza, epicentro local da pandemia, a partir da próxima terça-feira (2) com 9,9 mil testes rápidos em 39 bairros das seis Secretarias Executivas Regionais (SERs).
A "Pesquisa de Soroprevalência da Covid-19 na cidade de Fortaleza", parceria das secretarias Estadual (Sesa) e Municipal de Saúde (SMS), vai realizar 3.300 exames em cada uma da três fases com intervalos de 10 a 15 dias. Conforme o cronograma do estudo, que tem coordenação operacional do Instituto Opnus de Pesquisa e Opinião, a primeira rodada de coletas acontece do dia 2 a 12 de junho. A segunda será entre 25 de junho a 5 de julho, finalizando em 16 a 26 de julho.
Cada SER vai receber 550 testes. No entanto, a distribuição entre os bairros não será igualitária, sendo de 50 ou 200 exames. Isso porque a pesquisa levou em consideração a taxa de contaminação individual e a densidade populacional. Os bairros que terão o número máximo de testes são: Barra do Ceará, Pirambu-Cristo Redentor (Regional I); Vicente Pinzon-Cais do Porto, Meireles-Aldeota (Regional II); Quintino Cunha e Autran Nunes-Dom Lustosa (Regional III); Parangaba e Itaperi-Serrinha (Regional IV); Granja Lisboa-Granja Portugal e Planalto Ayrton Senna-José Walter (Regional V); Jangurussu-Palmeiras e Messejana-Barroso, na Regional VI.
O levantamento, também conhecido como inquérito sorológico, tem o objetivo de estimar o percentual de fortalezenses com anticorpos para o novo coronavírus, o índice de pacientes assintomáticos, isto é, que possuem a infecção, mas não manifestam sintomas, além de obter cálculos precisos da letalidade da doença na Capital. É possível ainda analisar a velocidade de contaminação da Covid-19 ao longo do tempo.
De acordo com a secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida, os números vão auxiliar as Pastas a entenderem a dinâmica da doença. "Vamos avaliar o número de pessoas que já tiveram contato com o vírus e desenvolveram anticorpos. Assim, poderemos entender quantas pessoas estão suscetíveis a pegar".
O gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima, explica que o inquérito sorológico poderá contribuir para aumentar o monitoramento e rastreamento de casos pela Atenção Básica em áreas de maior circulação do vírus. "É o primeiro inquérito desse nível a ser realizado no Brasil, durante a pandemia", enfatiza.
"Por exemplo, na Regional I, dos 550 testes, 200 serão na Barra do Ceará. Nós conseguimos trazer o resultado específico para esse bairro. Já os bairros com 50 testes, não iremos considerar como resultado individual, porque não é uma quantidade suficiente para conclusões sobre a situação real deles, mas eles irão contribuir para que consigamos compreender a situação geral do município e da regional". As amostragens serão colhidas por enfermeiros da SMS, com apoio de campo de Agentes Comunitários de Saúde e supervisores do Instituto Opnus. Os profissionais envolvidos nas coletas estarão usando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), cumprindo a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dentro dos bairros, os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que são "um conjunto de quarteirões", já foram sorteados. É lá onde os pesquisadores farão os testes. Porém, a escolha da casa deverá ser de forma sistemática. "Vai para um domicílio, pula alguns e aborda outros", sugere Pedro Barbosa.
Em cada casa, um morador será testado. A seleção ocorrerá por meio de sorteio entre os residentes. Não há um recorte específico para a população, ou seja, pessoas de todas as idades, gêneros, com ou sem comorbidades poderão ser submetidas ao exame. No caso dos menores de idade e incapazes, é obrigatório a autorização do responsável.
"As rodadas de testes acontecerão nos mesmos bairros, mas com pessoas diferentes. A partir de onde encerrou a última fase, inicia-se uma nova. Se eu terminei na Rua X, Casa B, a rodada seguinte deve ser na próxima residência, sempre percorrendo os quarteirões indicados", completa.