DECAGE News 08 - 2014
30/11/2014, 22:00 • Atualizado em 24/01/2025, 13:08
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MENSAGEM DO PRESIDENTE
Caros Amigos Josmar de Castro Alves |
MENSAGEM DA DIRETORIA 2014-2015
Esse foi um ano de intensa participação do DECAGE em vários eventos regionais, nacionais e internacionais. Tivemos, como desafio, o Decage News e agradecemos a todos os que participaram de sua elaboração. Desejamos a toda a família decageana um Natal cheio de luz anunciando um final de ano repleto de alegrias. Participe do nosso grupo e dos nossos eventos em 2015! |
ESQUINA CIENTÍFICA
Atividade Física e Variabilidade da Frequência Cardíaca em Idosos - CLIQUE AQUI |
RETROSPECTIVA 2014
30.03.2014 |
PERSPECTIVAS PARA 2015
I Jornada de Cardiogeriatria, no Acre |
Esquina Científica
Decage News - 008 (Dezembro/2014)
Atividade Física e Variabilidade da Frequência Cardíaca em Idosos
Ismael Polli – RS
O sistema nervoso autônomo exerce uma importante função na manutenção do equilíbrio do sistema cardiovascular. Barorreceptores e quimiorreceptores localizados no coração e na circulação periférica, bem como receptores atriais e ventriculares, detectam prontamente alterações hemodinâmicas no sistema cardiovascular determinando ações do sistema nervoso autônomo que objetivam a adaptação e o retorno a homeostase.1
Esse controle neuronal está intimamente ligado à frequência cardíaca e a atividade barorreceptora reflexa. Na presença de ritmo sinusal, o sistema nervoso autônomo é o principal regulador da frequência cardíaca.
Uma medida simples e prática para a mensuração da atividade do sistema nervoso autônomo é a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que pode ser obtida através de índices obtidos em um exame de holter, por exemplo. A mensuração da VFC nos indica a flutuação entre os intervalos RR, refletindo essa complexa interação entre as vias simpática e parassimpática e nos fornecendo dados sobre o controle autonômico.
A redução da VFC tem sido apontada como importante indicador de risco de eventos cardiovasculares em indivíduos normais e em portadores de uma grande variedade de doenças, refletindo o papel vital que o SNA desempenha sobre a manutenção da saúde2. Diversos estudos demonstraram índices de VFC reduzidos em pacientes portadores de hipertensão arterial, infarto do miocárdio prévio, doença arterial coronariana estável e aterosclerose3. Índices de VFC baixos (SDNN<50) medidos precocemente após o IAM (dentro de 14 dias) se associaram a um risco três a quatro vezes maior de mortalidade em 3 anos4,5.
O processo de envelhecimento, costumeiramente causa uma depleção do tônus vagal e consequente aumento da atividade simpática, reduzindo a VFC. Essa redução pode ser melhor observada em mulheres idosas, devido também a depressão dos níveis hormonais de estrogênio ocorrida na menopausa6.
Por outro lado, a prática regular de atividade física tem sido referida como um fator de incremento no tônus vagal devido às adaptações fisiológicas ocorridas pelo aumento do trabalho cardíaco, uma vez que há uma redução da sensibilidade dos receptores beta. Assim, a elevação da modulação parassimpática induz uma estabilidade elétrica do coração, ao passo que a atividade simpática elevada aumenta a vulnerabilidade do coração e o risco de eventos cardiovasculares.
Estudo recente, publicado no Circulation7, que avaliou indivíduos idosos (média de idade 71 anos), demonstrou que a prática regular de atividades físicas foi tanto transversalmente como longitudinalmente associada a índices específicos mais favoráveis de VFC. Ao longo de 5 anos, aqueles que aumentaram seu ritmo de caminhada ou a distância percorrida tiveram índices de VFC mais favoráveis quando comparados com aqueles que diminuíram seu ritmo de caminhada ou a distância percorrida.
Esses resultados corroboram o fato de que a prática de atividade física mantida é benéfica em qualquer idade, pois além das inúmeras vantagens já conhecidas, provoca também adaptações fisiológicas benéficas importantes sobre o sistema nervoso autônomo.
1. Cooke WH, Cox JF, Diedrich AM, Taylor JA, Beightol LA, Ames JE 4th, et al. Controlled breathing protocols probe human autonomic cardiovascular rhythms. Am J Physiol. 1998; 274(2 Pt 2):H709-18.
2. Pumprla J, Howorka K, Groves D, Chester M, Nolan J. Functional assessment of heart rate variability: physiological basis and practical applications. Int J Cardiol. 2002; 84(1):1-14.
3. Carnethon MR, Liao D, Evans GW, Cascio WE, Chambless LE, Heiss G. Correlates of the shift in heart rate variability with an active postural change in a health population sample: The Atherosclerosis Risk In Communities study. Am Heart J. 2002;143(5):808-13.
4. Kleiger RE, Miller JP, Bigger JT Jr, Moss AJ. Decreased heart rate variability and its association with increased mortality after acute myocardial infarction. Am J Cardiol 1987; 59:256.
5. Buccelletti E, Gilardi E, Scaini E, et al. Heart rate variability and myocardial infarction: systematic literature review and metanalysis. Eur Rev Med Pharmacol Sci 2009; 13:299.
6. Paschoal MA, Volanti VM, Pires CS, Fernandes FC. Variabilidade de frequência cardíaca em diferentes faixas etárias. Rev Bras Fisioter. 2006;10(4):413-9.
7. Soares-Miranda L, Sattelmair J, Chaves P, Duncan GE, Siscovick DS, Stein PK, Mozaffarian D. Physical activity and heart rate variability in older adults: the Cardiovascular Health Study. Circulation. 2014 May 27;129(21):2100-10.
Decage News - 008 (Dezembro/2014)
Baixa dose de aspirina para prevenção primária de eventos cardiovasculares em pacientes japoneses acima de 60 anos com fatores de risco cardiovascular
José Antonio Gordillo de Souza- SP
Roberto Dischinger Miranda – SP
Disciplina de Geriatria e Gerontologia – UNIFESP-EPM
Foi publicado online recentemente um estudo no JAMA em 17 de novembro de 2014 analisando o uso de baixa dose de aspirina na prevenção primária de idosos japoneses com fatores de risco cardiovascular.
Estudo multicêntrico, randomizado, de 14.464 idosos japoneses de 60 até 85 anos ( média de 70 anos) que apresentavam hipertensão, dislipidemia ou diabetes. Pacientes foram randomizados 1:1 para receberem aspirina tamponada na dose de 100 mg/dia ou não receberem a medicação.
Não ocorreram diferenças significativas no desfecho primário que era o desfecho composto de morte cardiovascular, AVC não fatal, e infarto do miocárdio não fatal na comparação entre os dois grupos.
Quando analisamos os desfechos secundários, o grupo que recebeu aspirina apresentou menor número de infarto do miocárdio não fatal e ataque isquêmico transitório as custas de maior risco de complicações relacionadas com a terapia.
As complicações que foram significativamente maiores no grupo da aspirina foram: dispepsia, úlcera gastroduodenal, hemorragia gastrointestinal e gastrite erosiva.
Devemos repensar o uso de aspirina como prevenção primária em idosos com fatores de risco cardiovasculares, pesando os riscos benefícios desta terapia individualmente.
http://jama.jamanetwork.com/data/Journals/JAMA/0/joi140156.pdf?v=635515833223670000