DECAGE News 07 - 2014

31/10/2014, 22:00 • Atualizado em 24/01/2025, 13:07

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MENSAGEM DO PRESIDENTE

Senhor Presidente, Prof. Angelo Vincenzo Amato de Paola
MD Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia

Tendo encerrado as atividades do 69° Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Brasília-DF, o Departamento de Cardiogeriatria da SBC, parabeniza Vossa Senhoria e toda diretoria pelo fiel cumprimento ao compromisso assumido com os Departamentos desta Sociedade, avaliando e acatando as sugestões de cada departamento, o que não vinha acontecendo nos últimos congressos.
 
Acreditamos que este “modus operandum” com a maior participação de todos, certamente continuará a engrandecer nossa Sociedade. Conseguimos realizar um congresso mais objetivo e mais prático, com atividades agregando as mais diversas especialidades dentro dos temas abordados. Este novo “formato” foi talvez a “pedra de toque” neste sucesso alcançado.

O Departamento de Cardiogeriatria da SBC não poderia deixar de testemunhar este momento, assim como, ratificar o empenho presente e contínuo de seus associados em contribuir para que esta gestão elegantemente comandada por Vossa Senhoria possa alcançar todas as metas propostas, cujo objetivo maior é excelência da cardiologia em prol da sociedade brasileira.

Josmar de Castro Alves
Presidente DECAGE

MENSAGEM DO PRESIDENTE DO XI CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOGERIATRIA
Ouro Preto, MG - 7 e 8 de novembro de 2014

O DECAGE realizou nos dias 07 e 08 de novembro de 2014, na cidade de Ouro Preto, o XI Congresso Brasileiro de Cardiogeriatria. O tema central do Congresso foi Desafios na Abordagem e Tratamento das Cardiopatias e Comorbidades nos Idosos.

Tombada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, Ouro Preto é uma obra prima da arquitetura colonial brasileira e palco da Inconfidência Mineira. É impossível passar pelas ruas da cidade sem experimentar a emoção de uma viagem no tempo, de uma volta ao passado.

Realizar este evento em Ouro Preto foi a oportunidade de aliar a magia desta centenária cidade, com suas várias opções culturais e de lazer, a um elaborado e abrangente conteúdo científico.

José Carlos da Costa Zanon
Presidente do Congresso

ESQUINA CIENTÍFICA

Comorbidades: Depressão e Suicidalidade em Idosos - CLIQUE AQUI
Eduardo Pitthan - RS

Os digitálicos ainda têm indicação no tratamento da Insuficiência Cardíaca do idoso com fração de ejeção reduzida? - CLIQUE AQUI
Izo Helber, Eduardo Papa e Monica Cartocci - Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo

Fragilidade aumenta o risco de morte ou de ataque cardíaco recorrente em pacientes idosos - CLIQUE AQUI
Ângela Hermínia Sichinel - MS

INFORMES

DECAGE esteve presente no 69° Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Brasília/DF. Venha participar: VII Jornada de CARDIOGERIATRIA, nos dias 28 e 29 de novembro, na cidade de Santana do Livramento/RS. Confira o programa.
Ocorreu em Ouro Preto, Minas Gerais, nos dias 07 e 08 de novembro o XI Congresso Brasileiro de Cardiogeriatria.  Veja fotos. Participe do XII Congresso Brasileiro de Cardiogeriatria, nos dias 06 e 07 de novembro 2015 na cidade de Curitiba/PA.

Esquina Científica

Decage News - 007 (Outubro-Novembro/2014)

Comorbidades: Depressão e Suicidalidade em Idosos
Eduardo Pitthan - RS

A suicidalidade em idosos é um problema que não é debatido suficientemente por falta de informação. É importante a discussão e conhecimento dos dados que mapeiam o tema no nosso meio. O maior grupo de risco para suicídio é o de pessoas acima dos 65 anos, aumentando com a idade1. Estudos apontam que a maior parte dos idosos que morreram por suicídio (71% a 90%) sofriam de depressão2,3.
O Ministério da Saúde e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) colocam o país entre os dez primeiros do mundo em números absolutos de depressão.4

O número de doenças aumenta o risco cumulativo de suicídio5. Os idosos tem seis vezes mais comorbidades, doenças com sintomas incapacitantes (AVC) e dor crônica, associadas com deficiências funcionais, cognitivas e estigma social, que constituem aumento do risco de suicídio. Os idosos são mais relutantes para se queixar de depressão ou explicitar ideias suicidas, por isso, poucos são diagnosticados e só uma minoria é tratada. Esses fatores dificultam a prescrição, o início e a adesão ao tratamento5.

Diante da importância desses transtornos e da dificuldade diagnóstica, a avaliação sistemática dos indivíduos idosos com queixas de tristeza e/ou anedonia pode contribuir para melhorar a detecção do risco de suicidalidade. Podemos, por intermédio da Avaliação Geriátrica Global (AGA)6, graduar o grau de incapacidade e propor medidas de reabilitação. A AGA e a Escala de Depressão Geriátrica (EDG) são os instrumentos utilizados para o rastreamento da depressão em idosos. Diversos estudos mostraram que ela oferece medidas válidas e confiáveis para a diagnóstico da depressão e medidas profiláticas das suicidabilidade em idosos.7, 8

Bibliografia consultada
1 - Nock MK, Borges G, Bromet EJ, Cha CB, Kessler RC, Lee S. Suicide and Suicidal Behavior. Epidemiol 2008; 30(1):133-154.
2-Mitty E, Flores S. Suicide in Late Life. Geriatr Nurs 2008; 29(3):160-165.
3- Shah A, Bhat R. Are elderly suicide rates improved by increased provision of mental health service resources? A cross-national study. Int Psychogeriatr 2008; 20(6):1230-1237.
4- Camarano AA, Kanso S, Pasinato MT, Leitão e Melo J. Idosos brasileiros: indicadores de condições de vida e de acompanhamento de políticas. Brasília: Presidência da República, Subsecretaria de Direitos Humanos; 2005.
5- Conwell Y, Thompson C. Suicidal Behavior in Elders. Psychiatr Clin North Am 2008; 31(2):333-356.
6- Liberman A., Viana de Freitas E., Savioli Neto S., F. Gravina Taddei C, - Editora Manole Ltda. 2005 Diagnóstico e tratamento em Cardiologia Geriátrica – DECAGE
7- Almeida OP, Almeida SA. Short versions of the geriatric depression scale: a study of their validity forthe diagnosis of a major depressive episode according to ICD-10 and DSM-IV. Int J Geriatr Psychiatry 1999;14(10):858-65.
8- Montorio I, Izal M. The geriatric depression scale: a review of its development and utility. Int Psychogeriatr 1996;8(1):103-12.

 

Decage News - 007 (Outubro-Novembro/2014)

Os digitálicos ainda têm indicação no tratamento da Insuficiência Cardíaca do idoso com fração de ejeção reduzida?
Izo Helber, Eduardo Papa e Monica Cartocci - Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo

A Insuficiência Cardíaca (IC) crônica é frequentemente a via final comum de várias doenças, especialmente a doença arterial coronariana e a hipertensão arterial sistêmica. O avanço nos cuidados à saúde, especialmente nestas doenças, tem como consequência o prolongamento da vida e um número crescente de idosos com IC, resultando na única doença cardiovascular com incidência crescente em todo o mundo.

As mudanças funcionais e estruturais decorrentes da idade, associadas à presença de comorbidades, contribuem para que a IC nos pacientes idosos apresentem certas peculiaridades, como uma prevalência duas vezes maior nos pacientes com 70 anos ou mais se comparados aos mais jovens e um maior índice de hospitalizações. Além disto, cerca de 80% dos pacientes que recebem alta com IC recém-diagnosticada tem mais de 65 anos e 50% têm mais de 75 anos.

O tratamento atual da IC é baseado em estudos de redução na mortalidade, consequentemente os inibidores da enzima de conversão de angiotensina, os bloqueadores dos receptores de angiotensina II, os betabloqueadores, os antagonistas da aldosterona tem indicação classe I.

Entretanto um fator muito preocupante é o numero crescente de reinternações por IC. Quase um quinto (19,6%) dos 11.855.702 beneficiários do Medicare avaliados durante o período de 2003 / 2004 que tiveram alta hospitalar, foram novamente hospitalizados dentro de 30 dias, sendo a IC responsável por 26,9% dos casos.

O estudo Digitalis Investigation Group (DIG) publicado em 1997 foi concebido para analisar se o uso de digitálicos reduziria a mortalidade e hospitalização por IC, e embora a digoxina tenha reduzido o número de hospitalizações em relação ao grupo placebo, não houve redução significante na mortalidade por IC.

.Ahmed e colaboradores reanalisaram 3405 pacientes participantes do estudo DIG com idade superior a 65 anos e fração de ejeção inferior a 45% aleatoriamente randomizados para digoxina ou placebo. Trinta dias após a randomização, os pacientes em uso de digoxina tiveram o risco absoluto e relativo para todas as causas de internação hospitalar reduzido em 2,7% e 34% respectivamente e houve redução do risco de internação por piora da IC em 60%.

Este estudo apresenta varias limitações por ser uma análise pós hoc e ter sido realizado somente em pacientes com fração de ejeção reduzida, embora aproximadamente metade da população idosa apresente IC com fração de ejeção preservada. Além disto, os pacientes do DIG não recebiam betabloqueadores, somente inibidores da enzima de conversão de angiotensina, limitando a generalização destes resultados para a prática médica atual.

Benefícios na utilização de digitálicos em modelo experimental de IC também foram observados por nosso grupo como 1) prolongamento da sobrevida; 2) atenuação da disfunção miocárdica; 3) atenuação da congestão pulmonar, quando confrontadas com ratas que não ingeriram o digitálico durante 280 dias. Entretanto não sabemos se este estudo pode ser replicado em humanos.

Estes resultados sugerem que a digoxina administrada em baixas doses pode reduzir o risco de hospitalizações por IC com fração de ejeção reduzida e melhorar a classe funcional em idosos no estágio C e D (ACC/AHA).

Bibliografia consultada
Digoxin Reduces 30-Day All-Cause Hospital Admission in Older Patients with Chronic Systolic Heart Failure
Robert C. Bourge, Jerome L. Fleg, Gregg C. Fonarow, John G.F. Cleland,
John J.V. McMurray, Dirk J. van Veldhuisen, Mihai Gheorghiade, Kanan Patel, , Inmaculada B. Aban, Richard M. Allman,, Connie White-Williams, Michel White, Gerasimos S. Filippatos, Stefan D.Anker, and Ali Ahmed, MD. Am J Med. 2013 August ; 126(8): 701–708
Severity of the cardiac impairment determines whether digitalis prolongs or reduces survival of rats with heart failure due to myocardial infarction.
dos Santos AA, Helber I, Antonio EL, Franco MF, Tucci PJ.
Int J Cardiol. 2013 Jul 31;167(2):357-61
[Digoxin: the results of the DIG study in the XXI century].
Helber I, Tucci PJ.Arq Bras Cardiol. 2010 Oct;95(4):e108-11.
Digitoxin prolongs survival of female rats with heart failure due to large myocardial infarction.
Helber I, Dos Santos AA, Antonio EL, Flumignan RL, Bocalini DS, Piccolo C, Gheorghiade M, Tucci PJ.J Card Fail. 2009 Nov;15(9):798-804
A novel inexpensive murine model of oral chronic digitalization.
Helber I, Kanashiro RM, Alarcon EA Jr, Antonio EL, Tucci PJ.
Clin Exp Pharmacol Physiol. 2004

Decage News - 007 (Outubro-Novembro/2014)

Fragilidade aumenta o risco de morte ou de ataque cardíaco recorrente em pacientes idosos
Ângela Hermínia Sichinel - MS

A fragilidade aumenta o risco de morte ou de repetir ataque cardíaco em pacientes idosos que sofreram infarto em três vezes, de acordo com pesquisa apresentada no Congresso Europeu ESC 2014, pela Dra. Clara Bonanad, do Hospital Universitário de Valência, na Espanha. Os resultados sugerem que os pacientes idosos internados por ataque cardíaco devem ser rotineiramente avaliados para fragilidade.

"A expectativa de vida está aumentando e a população em geral está envelhecendo. Isso significa que mais pacientes internados no setor de cardiologia com uma síndrome coronariana aguda (infarto do miocárdio ou angina) são idosos. Temos de nos adaptar a esta mudança social, para dar a assistência médica mais adequada. No entanto, a idade por si só não é suficiente para determinar o prognóstico de idosos. Eles têm uma série de o que chamamos de "condições geriátricas", que os colocam em maior risco de doença e piores resultados. O estudo incluiu 342 pacientes com mais de 65 anos internados no Hospital Universitário Clinic, em Valência, Espanha, com diagnóstico de angina ou infarto do miocárdio. No momento da alta foram avaliadas cinco condições geriátricas: fragilidade, deficiência física, deficiência instrumental, comprometimento cognitivo e comorbidade”.

Os pesquisadores usaram as seguintes definições:
• Fragilidade - uma condição biológica em que os indivíduos estão em maior vulnerabilidade a estressores e têm um elevado risco de declínio catastrófico na saúde e na função
• Deficiência física - qualquer deficiência que limita a função física dos membros, movimentos finos, ou habilidade motora grossa
• Deficiência Instrumental - incapacidade de realizar atividades da vida diária como alimentar-se, tomar banho, vestir-se, higiene, trabalho, trabalho doméstico e de lazer
• Comprometimento cognitivo - qualquer característica que age como uma barreira para o processo de cognição. Os déficits cognitivos podem ser de origem congênita ou causados por fatores ambientais, tais como lesões cerebrais, problemas neurológicos ou doença mental
• Comorbidade - a presença de uma ou mais doenças adicionais que ocorrem em adição à doença primária

Os pesquisadores analisaram a relação entre essas condições geriátricas e morte ou infarto do miocárdio recorrente em 30 meses de acompanhamento.

Eles descobriram que as cinco condições geriátricas tiveram uma associação estatisticamente significativa com pior evolução. Deles, a fragilidade foi o mais forte preditor independente de morte ou infarto do miocárdio recorrente e aumento do risco de mortalidade por três vezes.

"Descobrimos que a fragilidade foi o mais forte preditor de morte ou infarto do miocárdio recorrente em pacientes com idade acima de 65 anos Mas todas as condições geriátricas tiveram algum impacto no prognóstico. Quando os pacientes idosos são internados com angina ou infarto do miocárdio, sua avaliação inicial deve incluir a avaliação de condições geriátricas. Isso vai ajudar os profissionais a identificar quem está mais em risco de mau prognóstico".

Estratégias específicas são necessárias para pacientes com condições geriátricas, incluindo fragilidade que irá melhorar a sua reabilitação pós-infarto do miocárdio. Essas estratégias devem incluir ajuda com nutrição e mobilidade, com o objetivo de alcançar um melhor prognóstico e qualidade de vida desses pacientes.

Fonte: http://www.escardio.org/about/press/press-releases/esc14-barcelona/Pages/geriatry-stratification-coronary-syndrome.aspx



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