DECAGE News 01 - 2022
31/01/2022, 21:00 • Atualizado em 24/01/2025, 14:19
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Diretoria 2022/2023:
Presidente: José Carlos da Costa Zanon
Vice-Presidente: Jessica Myrian de Amorim Garcia
Diretor Administrativo: Marcelo Eidi Ochiai
Diretor Científico: Izo Helber
Diretor Financeiro: Álvaro César Cattani
Diretor de Eventos: Elizabeth da Rosa Duarte
Diretor de Relação com as Estaduais: Roberto Gamarski
Diretor de comunicação: Lígia Lopes Balsalobre Trevizan
Mensagem do Presidente do DECAGE:
Caros colegas,
É com imensa satisfação que, juntamente com a diretoria, iniciamos a gestão 2022/2023 do Departamento de Cardiogeriatria da SBC.
A atenção especializada ao idoso é uma necessidade crescente, e a promoção do envelhecimento saudável deve ser um compromisso do Estado, da sociedade e dos profissionais de saúde.
Visando aprimorar o atendimento ao idoso cardiopata, o DECAGE vai imprimir ações para estreitar ainda mais a relação com as sociedades estaduais, participando e estimulando a realização de eventos regionais, tanto no formato presencial quanto na forma de webinares.
A organização do XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOGERIATRIA está em pleno vapor. Este ano o evento será presencial e ocorrerá na cidade de Porto Alegre, nos dias 09 e 10 de setembro de 2022. Contando com a presença de renomados convidados nacionais e internacionais, terá como tema central: “Prevenindo e tratando as comorbidades do idoso”.
Um grande abraço a todos,
José Carlos da Costa Zanon
Presidente do DECAGE 2022/2023
ESQUINA CIENTÍFICA:
Muscle fat index is associated with frailty and length of hospital stay following transcatheter aortic valve replacement in high-risk patients – CLIQUE AQUI
Marcelo Eidi Ochiai
A Practical Approach to Differential Diagnosis of Cardiomyopathies with Infiltrative Phenotypes – CLIQUE AQUI
Lígia Lopes Balsalobre Trevizan
INFORMES:
No dia 15 de março, em formato virtual, o DECAGE vai participar do SIMPÓSIO CONJUNTO SOCIEDADE MINEIRA DE CARDIOLOGIA E DEPARTAMENTO DE CARDIOGERIATRIA DA SBC com o tema central: aplicando os conhecimentos de fibrilação atrial à prática clínica – paciente idoso
Inscrições: www.smc.org.br ou www.sbcdecage.com.br
Nos dias 18 e 19 de março, na cidade de Patos de Minas, o DECAGE vai participar do 7° ENCONTRO HCORDIS DE MEDICINA CARDIOVASCULAR
Inscrições: HNSF – Tel (34) 3830-1782
ESQUINA CIENTÍFICA:
Muscle fat index is associated with frailty and length of hospital stay following transcatheter aortic valve replacement in high-risk patients
Behnam Heidari , Ali Ahmad , Mohammed A. Al-Hijji , Joe Aoun , Mandeep Singh , Michael R. Moynagh , Naoki Takahashi , Lilach O. Lerman , Mohamad A. Alkhouli , Amir Lerman
International Journal of Cardiology. Volume 348, 1 February 2022, Pages 33-38
Marcelo Eidi Ochiai
Sinopse: O envelhecimento está associado à perda progressiva de massa muscular, bem como a substituição do músculo por gordura e tecido fibroso.
O presente estudo avaliou o valor preditivo do índice músculo/gordura, medido pela tomografia, em 415 pacientes que seriam submetidos a implante de valva aórtica transcateter (TAVI), na Clínica Mayo, e o tempo de internação hospitalar. A população tinha idade média de 81,2 anos e 17,2% tinham fragilidade pelos critérios de demência, desnutrição, perda da funcionalidade básica, velocidade de marcha, força de pressão palmar, baixo peso e hipoalbuminemia. O tempo de internação teve a mediana de 4 dias. Complicações após a TAVI ocorreram em 170 (41%) pacientes. O índice músculo/gordura foi maior em pacientes com fragilidade e foi positivamente correlacionado com o tempo de internação
Interpretação: a busca de um exame complementar com dados objetivos que possa substituir a avaliação geriátrica tem ocorrido. A avaliação geriátrica tem como finalidade identificar pacientes com fragilidade e de maior risco à realização da TAVI, entretanto é necessária a padronização dessa avaliação para ser direcionada para fins cardiológicos.
A Practical Approach to Differential Diagnosis of Cardiomyopathies with Infiltrative Phenotypes
Ligia Lopes Balsalobre Trevizan e Sandrigo Mangini
ABC Heart Fail Cardiomyop. 2021; 1(2):132-138
Miocardiopatias infiltrativas e ICFEP: Um desafio diagnóstico.
Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) acomete aproximadamente 2% da população mundial, sendo a insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada (ICFEP) responsável por aproximadamente 50% dos casos, apresentando progressivo aumento da prevalência com o envelhecimento populacional.
A ICFEP apresenta fisiopatologia complexa e multifatorial, está associada à alta morbimortalidade e é responsável por frequentes internações, sobretudo na população mais idosa. Atualmente, poucas terapias demonstraram-se eficazes na redução de desfechos cardiovasculares na ICFEP.
As miocardiopatias infiltrativas representam uma parcela menor, porém significativa dos pacientes com ICFEP, em etiologias específicas, existe a possibilidade de estratégias terapêuticas modificadoras da doença.
A característica fenotípica mais comum às miocardiopatias infiltrativas é o aumento da espessura das paredes ventriculares, tendo a amiloidose como principal etiologia e como diagnósticos diferenciais as situações de hipertrofia (miocardiopatia hipertensiva, estenose aórtica, cardiomiopatia hipertrófica e suas fenocópias). Devido à natureza heterogênea e expressão fenotípica variável, o diagnóstico é um desafio e o reconhecimento precoce permanece uma barreira fundamental para impacto em sobrevida nesses casos.
Características clínicas: A IC é a manifestação inicial comum e intolerância ao esforço físico é uma queixa habitual. Arritmias e distúrbios de condução são frequentemente encontrados devido ao aumento progressivo biatrial. O fenótipo clínico de IC de doenças sistêmicas que acometem o coração é muito semelhante, porém as manifestações extracardíacas são variadas e aumentam a suspeita diagnóstica de etiologias específicas, bem como a história familiar de miocardiopatia.
Diagnóstico: A troponina e o NT-proBNP podem estar elevados e têm valor prognóstico.
O eletrocardiograma (ECG) é muito importante para iniciar o raciocínio diagnóstico, a voltagem do complexo QRS pode ser reduzida ou incompatível com o grau de espessamento de septo e parede no ecocardiograma (achado comum na amiloidose). O ritmo sinusal com sobrecarga biatrial pode ser observado. A fibrilação atrial, entretanto, não é incomum. Bloqueios de ramo e bloqueios atrioventriculares também podem ser apresentação de doenças infiltrativas. Arritmias ventriculares também são comuns.
A ecocardiograma demonstra fração de ejeção normal, volumes normais das câmaras com aumento biatrial e parâmetros de enchimento diastólico restritivos. As Miocardiopatias infiltrativas cursam com aumento concêntrico da espessura de parede e septo do ventrículo esquerdo; na amiloidose, podemos observar espessamento do ventrículo direito e do septo interatrial. Aspecto de hiperrefringência do miocárdio é bastante característico de infiltrado amilóide. O padrão de strain longitudinal da técnica do speckle tracking pode auxiliar na diferenciação entre amiloidose cardíaca e miocardiopatia hipertrófica pela característica de restrição do movimento basal comparado ao movimento apical na amiloidose (apical sparing).
A ressonância magnética cardíaca com uma combinação de imagens nativas e contrastadas, permite avaliação anatômica e funcional acuradas, bem como a caracterização tecidual, auxiliando de forma incontestável na avaliação das miocardiopatias.
Na suspeita de amiloidose, a cintilografia com pirofosfato demonstrou uma sensibilidade de 99% e especificidade de 86%, para o diagnóstico de acometimento cardíaco por amiloidose cardíaca por TTR, quer seja selvagem (wild-type) ou por mutação, na exclusão de cadeia leve.
A biópsia endomiocárdica pode ser empregada quando dados clínicos, laboratoriais e de imagem não são suficientes para elaboração diagnóstica.
Em amiloidose por TTR a análise genética é fundamental para diferenciação entre mutação e selvagem; além disso, a TTR por mutação está associada à expressão fenotípica de neuropatia e/ou cardiopatia.
O fluxograma abaixo tem objetivo de facilitar a investigação de miocardiopatias restritivas de fenótipo infiltrativo.
Tratamento: O tratamento das miocardiopatias infiltrativas deve ser individualizado. O manejo da IC é um desafio, os pacientes toleram mal anti- hipertensivos e beta-bloqueadores; digoxina deve ser evitada pelo risco de intoxicação. Diureticoterapia e manejo de volume é a estratégia mais utilizada.
Conclusão: A ICFEP é atualmente um grande desafio para o clínico pela diversidade fenotípica e estratégias terapêuticas limitadas; no entanto, a busca por etiologias não deve ser negligenciada uma vez que permite estabelecer prognóstico e estratégias terapêuticas específicas que podem modificar a evolução dos pacientes.