Diagnóstico e tratamento precoces são essenciais em casos de cardiopatias congênitas
Diagnóstico e tratamento precoces são essenciais em casos de cardiopatias congênitas

21/02/2024, 20:24 • Atualizado em 21/02/2024, 20:24

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Nascem quase 29 mil crianças por ano com alguma anormalidade na estrutura cardíaca e cerca de 6% delas morrem antes de completar o primeiro ano de vida; data reforça necessidade de conscientização

 

No Brasil, 12 de junho marca o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita, data que reforça a importância do diagnóstico precoce de um grupo de doenças que figura como a terceira principal causa de mortalidade infantil e, por não serem evitáveis, o diagnóstico e o tratamento precoces podem, na maioria dos casos, reverter as enfermidades.

 

As cardiopatias congênitas, na verdade, são anormalidades na estrutura do aparelho cardiocirculatório, secundárias a uma alteração no desenvolvimento embrionário, que pode surgir nas primeiras oito semanas da gestação, momento em que é formado o coração do bebê, causando insuficiência circulatória e respiratória, o que pode comprometer a qualidade de vida do paciente.

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima 1% de incidência de cardiopatias congênitas, dado aceito para os países latino-americanos. Assim, no Brasil, preveem-se cerca de 28.846 novos casos de cardiopatias congênitas ao ano. Contudo, as notificações relacionadas às malformações congênitas do aparelho circulatório, no Sistema Único de Saúde (SUS) e na saúde suplementar, indicam a incidência de 0,06%, ou seja, aproximadamente 1.680 casos por ano, refletindo que o número real ainda é desconhecido, possivelmente porque não há diagnóstico.

 

“As cardiopatias constituem as malformações congênitas mais frequentes ao nascimento, estando presentes em aproximadamente 1 em cada 100 recém-nascidos vivos, o que representa aproximadamente 29 mil novos casos por ano no Brasil. Constituem uma das principais causas de morte na primeira infância, e a terceira maior causa de mortalidade neonatal em nosso país. Infelizmente, uma parcela significativa das crianças portadoras dessas anomalias não é diagnosticada e/ou tratada adequadamente, com grave risco de óbito ou sequelas graves”, reitera o diretor científico do Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica (DCC/CP) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Ivan Romero Rivera.

 

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade por malformação congênita do aparelho circulatório registrada no país é superior à taxa de incidência. Das, aproximadamente, 29 mil crianças nascidas por ano com cardiopatia congênita, cerca de 6% morrem antes de completar o primeiro ano de vida. Na forma grave da doença após o nascimento, ela pode ser responsável por 30% dos óbitos no período neonatal.

 

O Ministério da Saúde atesta que o acompanhamento médico no pré-natal é importante para o diagnóstico, caso existam fatores que levantem a suspeita clínica de problemas cardíaco-fetais. O ultrassom morfológico também pode apontar indícios de cardiopatia. Há ainda o teste de coraçãozinho feito antes da alta hospitalar, entre 24 e 48 horas após o nascimento.

 

Além das maternidades e dos demais serviços que integram o SUS, que contam com profissionais qualificados para identificar sinais e sintomas das cardiopatias, diagnosticá-las e prover o acompanhamento apropriado, o Brasil conta com 67 unidades habilitadas junto ao Ministério da Saúde para fazerem cirurgias cardiovasculares pediátricas. No país, 80% das crianças cardiopatas precisam ser operadas em algum momento da vida – e metade delas, quase 12 mil bebês, precisa da cirurgia no primeiro ano de vida.

 

Segundo o Departamento de Cirurgia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), em 2020 se registrou um deficit acumulado de cirurgias cardíacas pediátricas não realizadas no país, que já era de 50% antes da pandemia – o número foi reduzido entre 70% e 80%, em todo o país com a crise da Covid-19, tanto no SUS quanto na rede privada.

 

Para celebrar o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita, a SBC e a SBCCV prepararam uma campanha para divulgar a presença e importância do cardiologista e cirurgião cardíaco pediátrico no Brasil.

 

“A campanha consiste na produção de vídeos que vão ressaltar a presença e importância do cardiologista e cirurgião cardíaco pediátrico nas diversas regiões do Brasil. Muitas famílias, ao se depararem com o diagnóstico de cardiopatia congênita, ficam um tanto quanto ‘perdidas’ e por vezes não sabem que existe um especialista na própria cidade. Queremos chamar a atenção para a necessidade do diagnóstico e tratamento precoces das cardiopatias congênitas, fortalecendo nossas especialidades”, antecipou a presidente do DCC/CP/SBC, Klebia Castello Branco.

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